Lidl, Dia, Mercadona… Estes supermercados expulsaram milhares de produtos das prateleiras
A indústria alimentar lançou uma ofensiva contra os supermercados, acusando-os de práticas de concorrência desleal, enquanto o mercado de marcas próprias continua a crescer.
A Promarca, uma associação espanhola que reúne grandes empresas como Coca-Cola, Pepsico, Danone, Campofrío, Calvo, elPozo, Heineken e Pescanova, entre outras, denunciou o setor da distribuição distribuição por retirar milhares de produtos das suas prateleiras nos últimos seis anos.
De acordo com a Promarca, os supermercados removeram 3.666 referências de produtos de fabricantes tradicionais, enquanto introduziram 1.818 novos produtos das suas próprias marcas, relata o ‘elEconomista’.
Recentemente, o Carrefour retirou os produtos do grupo Pepsico das suas lojas, alegando o aumento injustificado nos preços. O Dia, dona do Minipreço, fez o mesmo com os produtos da Bimbo. Também a Mercadona retirou a Leche Pascual das prateleiras dos supermercados.
Ignacio Larracoechea, presidente da Promarca, afirmou que esta prática é generalizada e que os supermercados procuram aumentar as margens comerciais, limitando o acesso dos consumidores aos produtos tradicionais e diminuindo a variedade do mercado.
A consultora Kantar elaborou um relatório para a Promarca, confirmando essas alegações. Os dados mostram que a variedade de produtos dos fabricantes nas grandes redes de supermercados diminuiu em 23% desde 2019. A Mercadona cortou 45% das referências de fabricantes, Dia 42%, Eroski 31%, Alcampo 23%, Carrefour 20% e Lidl 14%.
Larracoechea alertou para as consequências económicas, como o encerramento de fábricas e a perda de empregos, além do aumento dos preços para os consumidores. A Promarca alega que a distribuição aplica margens até três vezes maiores para os produtos das suas marcas próprias.
Um relatório preparado pelo The Brattle Group para a associação indica que, se essas práticas discriminatórias fossem eliminadas, os preços dos produtos poderiam cair até 19%.
Como resultado da redução da oferta de produtos de fabricantes tradicionais, as marcas próprias estão a ganhar mais espaço nas prateleiras e a conquistar uma fatia maior do mercado. O peso das marcas próprias no consumo aumentou de 38,5% em 2021 para 43,7% em 2023, segundo dados da Kantar, e para 48%, de acordo com a NIQ. A Mercadona, por exemplo, fechou 2023 com uma quota de 74,8% para as suas marcas nas vendas totais.