Há uma linha vermelha na idade?

M.ª João Vieira Pinto
Directora de Redacção Marketeer

Não é propriamente o melhor dos mundos: acordar, olhar para o espelho e perceber, com algumas dezenas de anos, as mudanças que os mesmos trouxeram. Ao nosso rosto e ao nosso corpo.

Mas a idade também nos traz mais, o saber e o querer. O distinguir o que se mantém e o que se põe de lado. O dizer não. O optar e escolher com a certeza de que o tempo corre e que parte dele já foi!

Na mais recente conferência da Marketeer falou-se de outros targets, dos mais velhos. Do envelhecimento, e da longevidade. Porque, a verdade, é que não queremos ser mais jovens. Só envelhecer menos mal. Ou melhor.

Segundo dados da Allied Market Research, partilhados na altura por Ana João Sepúlveda, o mercado global de antienvelhecimento (produtos, serviços, dispositivos e terapias antienvelhecimento) atingirá os 216 mil milhões de dólares até 2027. Mas quando se olha ao mercado de indústrias relacionadas com a longevidade (saúde, produtos farmacêuticos e tecnologias destinadas a prolongar a esperança de vida saudável), e aqui segundo estimativas da Merrill Lynch, as contas são outras e o valor sobe para os 600 mil milhões até 2025.

Num momento em que em Portugal nunca se falou tanto de linhas vermelhas, onde se desenha a linha neste tema? Quando é que somos jovens e deixamos de o ser? Em que momento se pode catalogar alguém? Que parâmetros se usam? Onde é que está definido o que é um estereótipo? O ideal, o aceitável ou o bom?

Às marcas cabe-lhes pensar como é que integram isto nos seus negócios e, a nós, perceber que depois dos 50 ainda há vida. Muita vida. Que o diga Naomi Watts, que há pouco mais de um ano lançou toda uma marca para mulheres nesta faixa. Ela, que se sentiu só, e que quer que outros não estejam.

Editorial publicado na revista Marketeer n.º 334 de Maio de 2024

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