Este restaurante diz que é do Contra. Mas nós gostámos!
Diz que é do Contra. E nós, como às vezes até temos mau feitio, fomos ver se era verdade!
O projecto é de quatro amigos mas está muito à frente de uma simples brincadeira de crianças. António e Manuel Bonneville já tiveram vários espaços, entre o Mezcais ou o La Ficheras. Aos dois juntaram-se os irmãos José Maria e o Rodrigo Poppe. Há uns meses, quando perceberam que havia concurso para o restaurante onde antes abria portas o Irish&Co, nas Docas, concorreram. E ganharam! Perceberam a oportunidade que tinham em mãos e avançaram para o desenho de um projecto de restauração com a ajuda do The Good Collective. Até chegarem à ideia do Contra – «contra formalismos, que não se prende a um tipo de comida, feito à nossa imagem», desvenda Manuel. O que permite que a carta possa «ter tudo», ou quase tudo, claro!
«A nossa premissa é fazer bem tudo o que temos» num conceito onde sobressai o passado restaurador de Manuel e António – várias referências de comida mexicana –, mas a que se vem juntar à mesa a picanha ou o hambúrguer. «Tendo em conta a nossa vida– até porque já andámos muito pelo México, eu vivi na Argentina, estive no Chile, Peru, Bolívia e Equador – qualquer projecto nosso terá sempre que ter sempre toques sul-americanos.»
Ao antigo Rio Maravilha, na Lx Factory, foram buscar o chef Rafael Santos e a própria Maravilha, a escultura que agora abre braços por cima da porta de entrada do Contra mas se mantém de frente para o Cristo, do outro lado da ponte e do rio.
E, em meia dúzia de meses, o The Good Collective ajudou a desenhar a carta e a definir pratos para que o Contra possa apresentar hoje uma mão cheia de opções para vários gostos, acredite.
Da nossa parte, começámos por nos atirar a uma selecção de pratos que o próprio Manuel aconselhou. Ceviche de peixe branco para abrir e que, diga-se, estava com o toque na perfeição sem chegar ao demasiado amargor. Mais croquetes vegetarianos que se não comesse carne e me garantissem que não a levava mesmo, até duvidaria. Os tacos de camarão estão a caminho de ficar bons, mas, para o meu gosto, mudaria a base que o recheio já é quase intocável. Houve quem experimentasse o tártaro, mas, sobre esse, já não posso falar.
Num dia de imenso sol, em esplanada sobre o Tejo – e com a companhia de um branco da casa bem fresco – ainda hesitamos em pedir prato principal. Mas a insistência para que conhecêssemos o arroz de polvo foi tal que nos deixámos tentar. Obrigada, digo agora, por o terem feito. Não é o tradicional, de caldo e tentáculos do mesmo. Mas, antes, uma espécie de arroz de forno em panela de ferro com pedaços de polvo tão suculentos que nos obrigaram a repetir!
E como perdido por 100, perdido por 1000, venha de lá a sobremesa que o chef recomenda: uma espécie de tarte de lima que se desdobra na própria, gelado de lima e merengue. E que, para quem gosta de sabores cítricos, arranca um aplauso.
Se não quiser nada disto, há croquetes de cachaço, Contra Fried Chicken, hambúrgueres (com opção vegan), a salada Júlio e pratos de peixe como a corvina Thai, ou carnes maturadas como o entrecôte, o chuleton e o T-bone, a costeleta de novilho BBQ e a picanha do Uruguai. Para terminar, ou começar – que no Contra os preconceitos ficam à porta – a refeição, são várias as sobremesas. Entre a experimentada Burnt Lemon Pie, o 3C’s (de chocolates) e os churros tres leches.
Como vê, a inspiração veio de várias partes do globo e de diferentes culturas.
O espaço é descontraído e trendy, e à carta de comida junta ainda música e cocktails Do Contra, entre o Not So Sour e Barbie à Margarita Desoriginal.
«A base do projecto é ‘Make Docas great again’. Com uma oferta de qualidade e muita descontracção, pretendemos trazer uma lufada de ar fresco a esta zona privilegiada e nobre de Lisboa, impulsionando a redescoberta de um local com tanto significado para a capital», reforça Manuel Bonneville.
Nota
De quinta a sábado, a cabine do DJ estará a cargo de várias pessoas com diferentes estilos musicais e backgrounds (quinta-feira até à 1h, e sexta e sábados até às 4h). Além da música, o projecto pretende também apoiar, no geral, a arte. O espaço será palco para várias bandas, tanto as conhecidas como as emergentes, destacando-se enquanto local cultural com exposições, exibições, e outras oportunidades artísticas.
Texto de M.ª João Vieira Pinto