«É através da comunicação que conseguimos mudar hábitos e educar para sustentabilidade»
As energias renováveis e a eficiência energética são os dois pilares da Ecoinside que, embora tenha sido criada há 15 anos, poderá não ter o mesmo espaço na memória dos consumidores face a outras gigantes do sector. Ainda assim, continua de pedra e cal e garante ter conseguido furar por entre o ruído mediático e publicitário das suas rivais.
Mas, afinal, qual é a estratégia de comunicação a seguir em cenários como este? António Cunha Pereira, CEO da Ecoinside, conta à Marketeer que a proximidade é um dos segredos: «É, sem dúvida, um factor que se tem demonstrado muito importante para nos destacarmos por entre os restantes players do sector.»
E em tempo de pandemia? Como se ajusta esta relação e a forma como se interage com os clientes e mercado? Com sede em Vila Nova de Gaia, esta empresa nasceu pouco antes da crise financeira de 2008/2009 e, por isso, não é estranha à necessidade de adaptação e reinvenção.
«Se uma primeira crise obrigou a que adaptássemos a nossa gama de serviços, esta nova crise que agora vivemos, provocada pela Covid-19, trouxe outro tipo de desafios», adianta o CEO. O teletrabalho, o acompanhamento remoto e a distância entre colaboradores são obstáculos, mas António Cunha Pereira garante que a bandeira da proximidade foi mantida.
Quais são as estratégias da Ecoinside para se destacar por entre os players de maior dimensão?
Na Ecoinside pretendemos ser a equipa externa de sustentabilidade das empresas e, por isso, assumimos responsabilidades e riscos e vestimos a camisola dos nossos parceiros. Este trabalho de proximidade, único e à medida das necessidades de cada cliente, é, sem dúvida, um factor que se tem demonstrado muito importante para nos destacarmos por entre os restantes players do sector.
Depois, o facto de providenciarmos um trabalho que cobre todos os aspectos desde a implementação até à manutenção e os preços competitivos que praticamos, são, também, factores relevantes. Temos bastante experiência no sector energético e acreditamos ter uma perspectiva abrangente de diferentes indústrias, o que nos permite partilhar com os nossos clientes um genuíno compromisso com as soluções que são as mais indicadas para os seus perfis de consumo.
Qual é o papel da comunicação neste processo?
A comunicação é fundamental por duas principais razões. A primeira é que só comunicando bem poderemos dar-nos a conhecer aos nossos públicos estratégicos. A segunda é que é através da comunicação que conseguimos mudar hábitos, sensibilizar e educar para a questão premente da sustentabilidade e da transição energética, a grande missão que nos move todos os dias.
Qual é o meio de comunicação em que mais investem?
Neste momento, a nossa aposta forte é o digital, pelo facto de podermos chegar a diferentes segmentos e públicos com relativa facilidade, podendo estar em contacto com empresas e pessoas que poderiam ser, à partida, menos acessíveis.
Durante o ano passado, passámos a investir, também, em assessoria de imprensa, de modo a podermos estar mais próximos dos meios de comunicação e a podermos comunicar o papel de relevo que encarnamos no nosso sector. Muito em breve vamos, também, apresentar o nosso novo website que pretende ser uma referência, não sendo apenas uma apresentação da empresa, mas, sobretudo, um repositório de informação que se quer útil sobre os temas de sustentabilidade, energias renováveis, eficiência energética e mobilidade eléctrica.
Destaco, sobretudo, o blog que lhe estará associado e que terá contributos de toda a equipa em diferentes áreas relacionadas com a preservação do meio ambiente ou transição energética.
Estão presentes também nas redes sociais? Os influenciadores são uma possibilidade?
Estamos presentes nas redes sociais Uma vez que o nosso público-alvo são as empresas e não os consumidores privados, os influenciadores não se revelaram, pelo menos por agora, como possibilidades para comunicarem a nossa marca. Por outro lado, chegar aos opinion makers é, de facto, prioritário.
Como tem evoluído a procura e o interesse dos portugueses pelas energias renováveis?
As energias renováveis têm vindo a ganhar muito espaço e relevância nos últimos anos. Por um lado, e apesar do investimento inicial, estas energias significam poupanças importantes para as empresas e para os cidadãos, nas suas facturas da electricidade. Aliás, essa é uma das razões para que a electricidade renovável consumida represente, já, cerca de 53% da procura.
Por outro, cada vez mais os consumidores demonstram uma preocupação acrescida com o ambiente e o tema da sustentabilidade, escolhendo empresas que demonstram preocupações ambientais e que se esforçam por serem mais “verdes” em detrimento de empresas sem este tipo de preocupações. Um estudo que prova isso muito bem é da autoria da Nielsen e sublinha que mais de 80% dos consumidores europeus quer que as marcas implementem programas de sustentabilidade.
De que forma foram impactados pela pandemia?
A pandemia impactou um pouco a nossa operação, claro, mais no que se refere à conclusão de algumas das nossas obras, mas nada de muito significativo para a nossa actividade regular. Do ponto de vista humano, procuramos sempre manter canais de diálogo entre as equipas, de forma a tentar simular o ambiente descontraído do momento do café, por exemplo, onde surgiam as habituais conversas pós-fim-de-semana.
Criámos o hábito de ter uma reunião de kick-off semanal onde se fala de tudo um pouco – temos, inclusive, o momento simpático do “Cantinho da Natália”, uma das colegas que gosta de partilhar provérbios e aforismos populares. Desenvolvemos, também, um email interno que todas as sextas-feiras, às 10h, leva um conjunto de notícias a todos os colaboradores. Enfim, tentámos reinventar-nos um pouco!
A verdade é que a sustentabilidade e o cuidado com o Planeta não podem esperar mais, independentemente do panorama financeiro ou sanitário. A sustentabilidade tem de ser a prioridade!
Tiveram de fazer alguns ajustes à operação?
Os únicos ajustes que fizemos foram a implementação do teletrabalho e da rotação de equipas, quando o trabalho assim o exigiu. Ao nível das obras, implementámos apenas entre os nossos colaboradores as medidas de segurança recomendadas.
E a comunicação? Como fica em tempo de crise sanitária?
A comunicação permanece uma prioridade, tanto para que não sejamos esquecidos, para que estejamos presentes, mas, principalmente, para que possamos frisar a urgência de mudança, ao nível ambiental. Do ponto de vista externo, a nossa equipa comercial é preponderante para continuar a levar a nossa mensagem e valores aos nossos clientes. Estivemos sempre activos nesse aspecto. Consideramos que foi sempre importante mantermos o diálogo com os nossos parceiros, fornecedores, clientes, principalmente nos períodos mais difíceis da crise.
Curiosamente, as nossas redes sociais tiveram um crescimento considerável durante os vários picos da pandemia. Acredito que, em parte, isso se deveu ao perfil de comunicação em que temos apostado, com uma comunicação sempre leve, não apenas focada em produto e serviços.
Acreditamos que nestes momentos mais difíceis é importante continuarmos a comunicar, mas de uma forma descomprometida e com informação útil para os nossos seguidores.
Quais são os objectivos da empresa a médio prazo?
Nos próximos anos pretendemos crescer entre 30% e 40% e revelarmo-nos aliados importantes das empresas e do País para garantirmos que atingimos as metas europeias de descarbonização e de transição energética. Claro que, inaugurando o nosso laboratório de investigação, pretendemos ser, também uma referência ao nível da investigação e desenvolvimento de novas tecnologias.
Texto de Filipa Almeida