Como se deve ler um rótulo alimentar?
Por Isabel Pedroso Silva, nutricionista, formadora e criadora da Escola Ouve O Teu Corpo e do O Podcast Da Isabel
Como nutricionista, parte do que faço com os clientes (e comigo mesma em certas fases) tem a ver com números: gramas, medidas caseiras e percentagem de nutrientes. Mas a minha filosofia de viver e comer bem tem em conta outros factores que não apenas números.
Se tivermos em conta que há uma panóplia de pontos importantes quando se fala em nutrição, chega a ser maçador quando, mesmo com tanta informação disponível, as dúvidas mais comuns continuam a ser: “posso comer isto/ aquilo?” ou “quantas gramas de açúcar/ gordura devia consumir?”. Estas questões passam a ser irrelevantes quando sabemos que o nosso corpo funciona de forma integrativa!
Deixo, de seguida, três pontos que estão a faltar quando olhamos para o rótulo de um género alimentício:
Ponto 1. A riqueza do alimento.
Seria óptimo se algum dia pudéssemos fornecer dados, de forma rápida e fácil de ler ,para que todos entendessem, o quanto um alimento é rico em micronutrientes, antioxidantes e fitonutrientes. Não sendo possível, o mais importante ao olhar para um rótulo alimentar será a lista de ingredientes.
Assim, evitamos erros comuns, como pensar que um produto é alto em açúcar ao ler o número na tabela, quando, na verdade, não existe nenhuma forma de açúcar nos ingredientes. É, apenas, açúcar naturalmente presente.
Ponto 2. O processamento do produto.
Como é que os alimentos são cultivados e processados? Imaginemos que temos uma caixa de bolachas “saudáveis” à nossa frente. Lemos a lista de ingredientes e notamos alguns ingredientes que reconhecemos, mas principalmente vários que não reconhecemos. A minha pergunta é: como é que o alimento foi cultivado?
Digamos que um dos ingredientes é o trigo. Perfeito! A farinha usada é branca/refinada ou integral? É um ingrediente cultivado no solo ou feito em laboratório? Sê um detective e faz o teu autoquestionamento sobre os ingredientes da comida que levas à boca.
Ponto 3. Olhar para além dos números.
Será que precisas mesmo de ler a tabela nutricional?
Se queres ser educado sobre a comida que estás a ingerir e és uma pessoa que está, conscientemente, atenta aos macronutrientes para ajudar em algum objectivo estético, então sim! Contudo, para a maioria de nós, o objectivo é simplesmente viver bem e nutrir o corpo. Se é este o teu caso, não precisas de viver uma vida de escolhas alimentares baseadas em números. Em vez disso, recomendo que te foques na lista de ingredientes.
Sabendo tudo isto e olhando primeiro para os ingredientes, como é que, afinal, lemos a tabela nutricional?
- Começa por olhar para a coluna das 100g (é a única forma de comparar dois produtos).
- De seguida, vê os açúcares e tenta entender o intervalo entre os hidratos de carbono e os açúcares adicionados (um produto tem um elevado teor de açúcar quando está acima dos 22,5 g por 100 g).
- Um produto que é fonte de fibra tem mais de 3g por 100g.
- Por fim, tem em conta que um produto com baixo teor de gordura saturada deverá ter menos de 1,5g por 100g.