Cartas no Dia Mundial da Língua Portuguesa

Um projecto criado por dois cientistas portugueses na Alemanha pretende sensibilizar crianças dos países de língua portuguesa a optarem pela frequência do ensino superior e, em particular, por carreiras de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. O projecto é lançado hoje no Dia Mundial da Língua Portuguesa.

Liderado por Mariana Alves e Rafael Galupa, investigadores do Laboratório Europeu de Biologia Molecular (EMBL) na Alemanha, o projecto “Cartas com Ciência” tem como principal objectivo “fomentar trocas epistolares que permitam mitigar barreiras e preconceitos relacionados com o ensino superior e as carreiras de investigação, promovendo a literacia científica e a língua portuguesa”.

De acordo com um comunicado dos mentores da iniciativa enviado à agência Lusa, o projecto consistirá na “troca de correspondência por cartas entre crianças dos nove países de língua oficial portuguesa e investigadores lusófonos de todo o mundo”, através do site https://www.cartascomciencia.org/.

“Muitas destas crianças vão receber uma carta pela primeira vez”, explica Mariana Alves, acrescentando que crianças e investigadores vão trocar oito cartas, durante um ano lectivo, sobre “Investigação Científica, Ensino Superior, Obstáculos e desafios e como superá-los, e Reflexão e património da língua portuguesa”

Rafael Galupa explica ainda que “Cartas com Ciência” vai juntar “investigadores lusófonos espalhados pelo mundo em universidades e institutos, sendo para qualquer pessoa que exerça investigação científica, como técnicos de laboratório, doutorandos, investigadores em pós-doutoramento, chefes de investigação, docentes universitários, entre outros”.

O investigador afirma que “toda a organização é assegurada pela nossa equipa. Associaremos as turmas participantes – inscritas pelos respectivos professores, a um número de investigadores igual ao número de alunos de cada turma, adoptando assim uma política que fomente a inclusão: todos os alunos de cada turma participam no programa independentemente do seu interesse inicial em carreiras científicas”.

Segundo os responsáveis do projecto, os interesses académicos e/ou recreativos dos alunos – por exemplo, animais, espaço ou corpo humano, e futebol, leitura ou música -, serão tidos em conta na escolha dos investigadores com que se corresponderão”.

Para Mariana Alves e Rafael Galupa, este projecto é um “passo estratégico” para a mudança social, ao promover “a redução das desigualdades e a qualidade na educação dos cidadãos lusófonos, duas das 17 metas de desenvolvimento sustentável estabelecidas pelas Nações Unidas para 2030”.

O projecto resulta da parceria com o Instituto Gulbenkian da Ciência e Universidade de Aveiro (Portugal), Osuwela (ONG moçambicana), Instituto Politécnico da Tundavala (Lubango, Angola), CISION e Idea Factory (Portugal).

Artigos relacionados