Black Friday: o desafio de comprar com consciência

OpiniãoNotícias
Marketeer
10/11/2025
20:03
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Opinião de Bárbara Mendonça, Especialista em Imagem e Comunicação Visual

A Black Friday é, todos os anos, um dos momentos mais intensos de consumo a nível global. As campanhas multiplicam-se, os descontos são tentadores e a pressão para comprar é quase inevitável. Mas por detrás das “grandes oportunidades” esconde-se um fenómeno que merece reflexão: o impacto que o consumo impulsivo tem no planeta, nas finanças pessoais e até na forma como nos relacionamos com a nossa imagem.

Comprar com consciência não é deixar de comprar, é escolher melhor. É alinhar o que vestimos com o que acreditamos.

Durante a Black Friday, a percepção de “oportunidade” muitas vezes sobrepõe-se à verdadeira necessidade. É fácil deixar-se levar por preços reduzidos e pela sensação de que algo está a ser “perdido” se não se aproveitar a promoção. No entanto, este comportamento frequentemente resulta em armários cheios de peças que pouco representam quem as compra e que acabam esquecidas, quase novas, pouco tempo depois.

O impulso da compra pode desvirtuar o sentido do estilo pessoal. Uma imagem coerente começa por escolhas intencionais, não impulsivas.

Mais do que aproveitar descontos, o desafio está em desenvolver uma mentalidade seletiva, em que cada compra tem um propósito e acrescenta valor ao guarda-roupa.

Num contexto de crescente preocupação ambiental e social, repensar a forma como consumimos tornou-se uma necessidade urgente. A indústria da moda é uma das mais poluentes do mundo, e o consumo descontrolado intensifica o desperdício têxtil e a exploração de recursos naturais.

Optar por marcas com práticas sustentáveis, valorizar o design intemporal e privilegiar a qualidade em detrimento da quantidade são gestos com impacto real. Quando investimos em peças duradouras e versáteis, estamos a contribuir para um guarda-roupa mais funcional e para uma relação mais equilibrada com a moda e com o planeta.

A sustentabilidade também passa por uma relação mais emocional e menos descartável com o que vestimos. Valorizar o que já se tem, fazer ajustes, reparar e reinterpretar as peças são gestos simples que prolongam o ciclo de vida da roupa e reforçam o sentido de identidade.

Dicas práticas para uma Black Friday mais consciente:

Fazer uma lista do que realmente é necessário: Avaliar o guarda-roupa antes de comprar permite identificar lacunas e evitar duplicações. Ter clareza sobre o que falta é o primeiro passo para comprar de forma estratégica e não por impulso;
Avaliar a qualidade e a origem das peças: Priorizar materiais naturais, produções locais e marcas transparentes é fundamental para um consumo responsável. Ler etiquetas e perceber de onde vem e como foi feita a peça ajuda a escolher com critério;
Investir em peças-chave: Apostar em básicos de qualidade, bons cortes e cores neutras garante versatilidade e durabilidade. Uma boa camisa branca, um blazer estruturado ou um par de calças de alfaiataria podem ser usados de inúmeras formas e durante várias estações;
Aproveitar os descontos para completar, não acumular: As promoções devem ser encaradas como uma oportunidade para reforçar o guarda-roupa com peças que fazem falta, e não como um pretexto para acumular mais do mesmo. Menos quantidade, mais qualidade e intenção;
Refletir antes de comprar: Antes de cada compra, é importante questionar: “Esta peça representa a minha identidade e o que quero comunicar?” Se a resposta for não, é sinal de que o investimento pode não valer a pena.

Uma oportunidade para educar o consumo

Mais do que um momento de compras, a Black Friday pode ser uma oportunidade para reeducar o consumo. É um convite à reflexão sobre o que realmente valorizamos e sobre como as nossas escolhas individuais influenciam o coletivo.




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