Ásia e América Latina dançam ao mesmo ritmo no novo Arigato x Casica

Esqueça tudo o que sabe sobre o Arigato do Parque das Nações, em Lisboa. Ou quase tudo. A gastronomia asiática continua a ter um papel de destaque e o peixe é, definitivamente, um dos reis da cozinha. Mas o menu all you can eat desapareceu, a decoração mudou, nasceu um bar e, até, um novo restaurante. Sim, dois restaurantes no mesmo espaço, com menus separados mas que podem ser combinados pelos clientes que partilham a mesma sala e esplanada.

Arigato x Casica é o novo conceito, que para já só pode ser encontrado mesmo no Parque das Nações – o espaço do Campo Pequeno mantém-se inalterado. Depois de pouco mais de um mês de portas fechadas, o restaurante reabre novamente pela mão do chef Henrique Macedo mas, que desta vez, não está sozinho. A ele, junta-se o chef Vítor Hugo, responsável pelo lado Casica da experiência, que se traduz em tacos, ceviches e outras iguarias da América do Sul.

Depois de passar por restaurantes como Eleven, Peixola ou 100 Maneiras, Vítor Hugo assume um novo desafio centrado em combinações frescas, cítricas e, em alguns casos, picantes, com alguns elementos que poderão parecer inusitados nesta gastronomia – como o yuzo ou a couve pak choi.

Quem preferir sushi ou outras opções asiáticas como gyosas, ramen ou noodles, poderá manter-se fiel à carta do Arigato. Quem quiser embarcar numa viagem pelos sabores sul-americanos, ficará bem entregue ao Casica. E quem estiver com vontade de experimentar, poderá optar pelo menu de degustação que combina estas duas realidades e deixar-se levar pela criatividade de ambos os chefs.

Foi isso que fizemos. Visitámos o Arigato x Casica na sua primeira semana e ficámos com dúvidas sobre se estaríamos no local certo. O ambiente mudou, o verde tomou conta das paredes e um bar com cocktails foi erguido bem no centro, com espaço para alguns lugares ao balcão.

E o que provámos? Nem menos do que 17 das opções disponíveis nos dois menus, entre entradas, saladas, pratos principais e sobremesas. E tanto ficou por experimentar. Escusado será dizer que visitar o Arigato x Casica apenas uma vez não será suficiente. Duas ou três viagens talvez seja uma aposta mais segura para navegar pelas cartas sem que o medo de perder a melhor receita se apodere de nós.

                                             

Como a experiência foi vasta, deixamos uma selecção daqueles que, para nós, foram os greatest hits – mas com a advertência repetida de que provámos uma ínfima parte dos menus. Do lado do Casica, destaque para os tacos de caranguejo casca mole (com kimchi, abacate, coentros e salicórnia – o sal do mar), de bacalhau em tempura (com mayo de endro e salsa fresca) e de camarão (com guacamole e salsa fresca). Também a salada vietnamita (com cenoura roxa, amarela e laranja, daikon, manga, maçã com molho nuoc mam) nos fez repensar o habitual desinteresse por saladas. Se puderem ser assim, venham cinco!

O ceviche tradicional peruano (com abacate, cebola roxa, coentros e milho frito) também nos ficou na memória, a par das sobremesas: provámos todas, desde o creme brûlée de matcha e infusão de lúcia-lima à mousse de abóbora com pevides salgadas e creme fraîche e ao volcán de dulce de leche. Este último, acompanhado por gelado de frutos vermelhos e crumble de gengibre, é um verdadeiro vulcão. Nem queremos saber das cáries.

Quanto ao novo menu do Arigato, destacamos a beringela Nasu Dengaku – caramelizada na perfeição –, o tataki de lombo de atum fumado – que chega à mesa como que saído de um conto de fadas – e o maguro em miso com alho francês crocante – que é o mesmo que dizer atum dos deuses. Já fora do mundo do peixe, não podia ficar de fora o ramen veggie (noodles em caldo de vegetais e kombu, tofu marinado, rebentos de soja, pak choi e cogumelos), provando que o novo Arigato x Casica está mais do que bem preparado para receber também quem procura opções vegetarianas. Aliás, além dos pratos que são vegetarianos de raiz, há ainda várias opções que podem ser alteradas de forma a corresponder às necessidades e desejos dos clientes.

Seguindo o nosso próprio conselho, ficam prometidas novas visitas, até porque o chef Henrique Macedo confidenciou-nos que este é só o primeiro capítulo da nova carta do Arigato. Muitas mais receitas estão guardadas na gaveta, mas prontas para serem colocadas à prova, num exercício constante de inovação do sushiman que faz parte do leque de discípulos de Paulo Morais. Do lado do Casica, também muitas propostas ficaram debaixo de olho: do lombo de atum em pistácios ao polvo na chapa ou ao tártaro de novilho trufado. Quando é que voltamos, mesmo?

Texto de Filipa Almeida

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