A cozinha de autor vai bem com… cerveja artesanal. Palavra de Letra
A, B, C, D, E, F, G. Não, não estamos a tentar ensinar o abecedário a ninguém. Estas são as letras que distinguem a oferta de cervejas artesanais da marca nacional Letra. Com origem no Minho, esta empresa já leva 10 anos de história no mercado, mas, volvida uma década, quer dar-se a conhecer com outro tom aos consumidores.
Tudo começou quando Francisco Pereira e Filipe Macieira ainda estavam na universidade, a estudar engenharia biológica, com o típico projecto de garagem quase a roçar a clandestinidade. A experimentação e o desejo de ir mais além numa área que em 2013 dava os primeiros passos em Portugal, levou esta dupla a estabelecer a insígnia e a dar início a um percurso que ambiciona agora chegar a outro patamar.
Os estudantes universitários deram lugar a produtores e gestores de uma empresa que oferece produtos elaborados de forma artesanal no Norte do país e que quer alargar a sua presença, associando a cerveja artesanal à harmonização. Isto significa que a par de disponibilizarem o produto em pontos de venda seleccionados (El Corte Inglés, Sonae e Pingo Doce), Francisco e Filipe querem colocar as primeiras sete letras do alfabeto nas opções de restaurantes que possam criar uma conexão entre as bebidas e os pratos que servem.
Para os criadores, «a cerveja é um bom complemento à gastronomia» e para prová-lo fomos convidados a experimentar um menu elaborado especificamente com algumas das Letras em mente. Tudo aconteceu na Taberna do Calhau, em Lisboa, gerido pela mão de Leopoldo Calhau, que aceitou o desafio de dar um twist à comida alentejana para incorporar nos sabores o pairing com as Letras A, F G e ainda outras quatro referências especiais.
Croquete de pato e mostarda, silarcas e batatas, carapau e cerveja preta, moelas e miolos ou cebola com caramelo são algumas das criações apresentadas. Mas o que interessa é que, no final de contas, a prova estava realmente dada de que cerveja não é apenas um refresco para depois do trabalho, ou para aproveitar uma tarde do fim-de-semana.
«A cerveja dá a oportunidade de fazer coisas diferentes todos os dias», afirma Filipe Macieira. E é isso mesmo que tencionam ao lançarem o nome novamente para o ar. A dupla afirma que é quase garantido que têm uma opção para todas as pessoas, mesmo as que afirmam não gostar desta bebida. Neste trabalho de auto-conhecimento entra em cena a Letraria, um espaço criado para a experimentação. Já existem quatro, todas a Norte, mas o objectivo é trazer uma para a capital.
Com a missão de levar a cerveja portuguesa a outro patamar, esta dupla de criadores – dos mais novos no sector em Portugal – aposta numa produção artesanal, com ingredientes 100% naturais. Já com uma bagagem que comprova o seu contributo para a indústria da cerveja artesanal, querem agora quebrar o estigma dos chefs de que apenas o vinho faz um bom pairing com a arte da confecção alimentar.
Texto de Beatriz Caetano