Desde que Donald Trump criou a Truth Social, a rede social prometida como um refúgio de liberdade de expressão, a realidade revelou um cenário bem menos utópico e bem mais condicionado. Após vários dias de uso, o huffingtonpost confirma que o registo na plataforma é obrigatório para ler as publicações do ex‑presidente, e os passos iniciais já são um sinal do tom ideológico e comercial da rede.
Registo obrigatório e perfil vigiado
Para aceder às “truths” de Trump, o utilizador é confrontado com diversas exigências:
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Número de telefone — nada de e-mail ou alternativas: a app exige um telemóvel para registo .
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Autorizações promocionais — é preciso aceitar receber mensagens de marketing e notificações.
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Seguir 70 perfis pró‑Trump — logo no arranque, a rede sugere contas alinhadas com a administração MAGA (Make America Great Again).
Este modelo de entrada rigoroso, condicionado e ideologicamente enviesado, transforma a liberdade em filtro e coloca em causa o que significa acesso à verdade.
A Truth Social tem sido descrita como um “clone ideológico de Twitter”, com políticas de moderação laxas que atraem discursos de ódio e extremismo de direita. A plataforma é vista como um “cárcere de eco”, com grupos carregados de simbologia MAGA, críticas anti‑imigrantes e teorias conspirativas algumas reminiscências de uma estética de discórdia política.
Gestão de dados e identidade
Além da exigência do número de telefone, a rede recolhe dados como email, data de nascimento, localização e IP. O consentimento para “mensagens promocionais” incluídas no registo revela uma faceta comercial: Trump monetiza através de anúncios tecidos no seio da própria aplicação.
O que distingue a Truth Social?
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A plataforma é construída sobre Mastodon, posicionando-se como alternativa às redes mainstream.
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Em janeiro de 2025 contava com cerca de 6,3 milhões de utilizadores ativos mensais .
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Apesar da adesão inicial, sofre com baixa retenção: apenas 22 % dos utilizadores mantêm atividade regular .
Implicações para marketing e comunicação
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Segmentação ideológica extrema: os registos obrigatórios e o seguimento pré-configurado mostram a intenção de criar uma audiência homogénea — e impõe às marcas e publicitários um contexto altamente polarizado.
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Dados sensíveis: o modelo de recolha de número de telefone e de consentimento para mensagens sugere um perfil comercial semelhante a plataformas de mensagens mais que uma rede social aberta.
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Moderação e reputação: a presença de conteúdo extremista e discurso de ódio pode representar riscos reputacionais para marcas associadas ou anunciantes.














