Aterrámos no Catch Me e fizemos uma bela viagem

Lucas Aaron é jovem, mas sabe o que gosta e o que quer. Durante anos nem sonhou com panelas e tachos, a não ser com os da avó que tão bem cozinhava! Haveria o acaso de o levar a querer aprender e estudar, a entregar-se à teoria e à prática. Quis trabalhar com os melhores – como Helena Rizzo, eleita melhor chef do mundo pela Restaurant – e, depois, partir. Deixar o seu Brasil para trás e procurar outros sabores e receitas. Aterrou em Portugal há uns anos, ainda experimentou uma ou outra casa, percebeu que não queria ir pelos caminhos da hotelaria e agora, com sorriso alargado e que raramente desfaz, sonha, combina, cria e serve pratos do mundo no Catch Me, em Lisboa. Uns deles de inspiração, outros com sua assinatura integral.

O Catch Me, Restaurante, Rooftop e Bar abriu depois da pandemia numa varanda sobre o Tejo. Ali, bem ao lado do Museu Nacional de Arte Antiga, no Jardim 9 de Abril, na Rua das Janelas Verdes, aterrou em jeito de lounge de aeroporto para transportar quem chega a verdadeiras viagens de sabor.

Aberto todos os dias, de domingo a quinta das 12h30 à 01h00, e sexta a sábado das 12h30 às 02h00, o Catch Me tem uma carta ampla, a pensar em diferentes momentos e diversos quereres. Para isso, Lucas desenhou propostas que vão para além dos seus grandes gostos – como o peixe e o polvo, que traz tatuado no braço – e foi procurar influências ao Mundo.

Numa noite de Verão, decidimos entregar-nos aos conselhos do chef e seguir viagem. Começámos bem, muito bem, com belas ostras e ceviche das mesmas. Uma novidade nesta carta de Verão que, eu fã me confesso, se agradece pelo bom que sabe.  Depois, fomos seguindo viagem de forma tranquila, com o ceviche de corvina do Tejo com “leche de tigre” e batata-doce e os famosos dadinhos de tapioca – que já são best sellers da casa e que por ali se mantenham pf. Já lá tínhamos estado antes e já os tínhamos provado. Não lhes resistimos de novo. São do demo, estes dadinhos.

Em jeito de muito conforto, fomos ao cogumelo ostra, aquela que o chef assume com sendo uma das suas criações preferidas e que nos selou a refeição. Selou, mas não fechou, que havia que guardar espaço para a sobremesa, onde voltamos a repetir a tentação do chocolate que é de comer e pedir por mais, assim como a tarde de amêndoa que em nada se assemelha à tradicional, porque desconstruída, mas que é de aplauso em sabor e concepção.

Claro que para quem quer pratos mais “compostos”, por ali há tártaros de novilho com gema confitada ou bacalhau à lagareiro, arroz de pato “malandro” ou o Frank’s Burger (alusivo a Frank Abagnale, personagem principal do filme “Catch Me If You Can”).

É ecléctico, sim, e não segrega ninguém.

O espaço, projectado pelo atelier Aspa e assinado pelos arquitectos José Maria Cumbre e Nuno Sousa Caetano, tem cerca de 100 lugares sentados, distribuídos pelo balcão, zona de refeições indoor, esplanada coberta e duas varandas. E pode acolher cerca de 200 lugares de pé nas noites de dança ou para quem pretende alugar para eventos, ou não contasse o Catch Me com a presença regular de DJ’s.