Boa a hora em que o Sauvage atravessou Lisboa e chegou ao CCB
O Sauvage começou por se instalar ali perto do Campo Pequeno, em Lisboa, há pouco mais de dois anos. Não abriu como restaurante de chef mas tem um chef ao comando, Ricardo Gonçalves. E não apresentou carta bem formatada, mas um cabaz de propostas que nos dias de hoje colhem agrados a clientes vários e diferentes palatos.
Por aquela zona, o Sauvage foi conquistando e ganhando clientes. Todos os dias e dos que o partilham, dos que gostam de se sentar por ali e até voltam para um dos pratos criados por Ricardo.
Em finais de 2023, o Sauvage atravessou a cidade e instalou-se no último piso do CCB com grande sala e terraço de frente para o rio. O espaço é generoso e convida a estar, e os anteriores conceitos sempre tiveram clientes que, no limite, lá iam pela vista e a luz. Por isso, a equipa do Sauvage sabia que às provas dadas tinha que acrescentar novas cartadas.
Só agora fomos ao novo Sauvage do CCB. Mas, desde já sabemos que vamos voltar. E já lhe explicamos porquê.
Os pratos são inspirados na tradição da gastronomia portuguesa, mas trazem alguma ousadia, com várias sugestões a chegarem do Campo Pequeno. Até porque, garantem os responsáveis, não foi nem um nem dois mas vários clientes do outro lado da cidade que também começaram a ir ali!
Nas entradas, por exemplo, tem croquetes de pato servidos com compota de marmelo caramelizado e pickles de mostarda, ou ainda o Brás de leitão numa versão que inclui batata palha, tapenade e gema baixa temperatura. Nós decidimos fazer uma refeição voltada para o mar e pedimos os camarões com ovo a baixa temperatura, malagueta e coentros, e que devorámos, aplaudindo o perfeito ponto de fritura do marisco.
Nos pratos principais, tivemos alguma hesitação e… optámos por dois. Por ali, há bochecha de vaca estufada e cebolinha confeitada, acompanhado por um puré de batata aromatizado com queijo da ilha. Na nossa viagem marítima, fomos para o Tataki de atum – que acompanha com legumes e que estava no ponto por fora e por dentro – e para um dos ícones da carta,
o arroz de lavagante (com arroz carolino e algas, e que pode perfeitamente ser partilhado por duas pessoas. Aqui, novo aplauso para o tratamento do animal que não podia estar melhor. Já o arroz propriamente dito, não me leve a mal chef, mas tirava-lhe a alga… e deixava o lavagante “nadar” mais à vontade!
Para fechar, as sobremesas chegam sob três propostas. Na dúvida, fomos a todas, entre o Caminho de Salomão – com bolacha, natas, doce de ovo, caramelo e suspiro -, a mousse de chocolate com chocolate 70% toque de caramelo salgado e avelã, e que me levou quase a rapar a taça, e o Pudim “Abade de Priscos” com doce de limão.
A carta de vinhos ainda não é vasta mas tem grandes propostas!
A sobressair, ainda, o serviço, que do bom, atencioso, atento e de sorriso é coisa cada vez mais rara pela capital.
Além da gastronomia, o Sauvage CCB diferencia-se pela sua vertente nocturna, que ganha vida com a presença de DJs convidados, às sextas-feiras e sábados a partir das 22.30. Uma alternativa para quem gosta de seguir para a dança… depois de jantar!
Texto de M.ª João Vieira Pinto