Marcas próprias geram menos fidelização dos consumidores
As dificuldades económicas podem convidar à compra de marcas de distribuição (MDD) – conhecidas como marcas próprias –, mas estas geram menor diversidade na prateleira, menor rentabilidade para os retalhistas e menor fidelização nos clientes. As conclusões são de um estudo realizado pela Kantar e analisado em conjunto com a Centromarca – Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca.
Os consumidores que optam por mais MDD são menos fiéis aos hiper e supermercados. Além disso, são as insígnias de sortido curto que mais beneficiam com os portugueses que apreciam as MDD. As marcas de fabricante (MDF) representam 60,1% das compras dos compradores de sortido curto em hiper e supermercados.
As MDF continuam a ser necessárias, conclui o estudo, em todos os tipos de locais de compra. Enquanto os compradores de MDF representam 46,5% do total de consumidores, o valor comprado por estes é de 50,3%. Já quem prefere MDD representa 53% do universo total, mas os seus gastos em compras representam somente 49,7%.
Ainda que os preços tenham estabilizado nos últimos meses, o estudo realça as tentativas constantes de poupança dos consumidores: 44% dos portugueses considera o preço o factor mais importante no momento de compra e praticamente nove em cada dez pessoas (89%) comparam preços para aproveitar promoções.
Para promover a poupança, os inquiridos pensam ainda nas receitas que vão cozinhar antes de irem às compras: 64% confirma este tipo de comportamento. Em simultâneo, mantém-se a tendência de optimizar o gasto em cada acto de compra: os consumidores portugueses continuam a ir às compras mais vezes, comprando menos de cada vez.
Sem deixarem de poupar, 67% dos consumidores continua a encontrar espaço para “mimos” nas idas às compras, recorrendo, para isso, a produtos de segmentos mais indulgentes. Sumos de fruta, frutos secos, pão e tostas, sobremesas prontas e comida étnica são as principais opções a crescer para satisfazer caprichos.
Por último, o estudo da Kantar indica ainda um decréscimo na atratividade dos canais online. No pós-pandemia, com a possibilidade de regressarem às lojas, os portugueses passaram a apostar menos nas compras pela internet, cuja penetração sofreu uma queda de 2,7 pontos percentuais face a 2019. Ainda assim, um em cada quatro portugueses (25,1%) fez pelo menos uma compra neste canal em 2023.