Dolium de Paulo Laureano faz 20 anos e tem nova colheita

Desde 2014 a trabalhar apenas com castas portuguesas, o enólogo da Vidigueira continua a defender o seu valor e a lançar vinhos que considera únicos. Como uma das suas maiores referências, o Dolium. O Reserva Tinto 2015 já está no mercado por um PVP de 70 euros.

Paulo Laureano é o senhor das castas portuguesas. Uma missão e um propósito que começou a abraçar há perto de 10 anos e que têm vindo a ditar o ADN de todos os vinhos que faz por terras do Alentejo. Ao contrário de muitos enólogos e produtores, Paulo acredita, defende, planta e vinifica sempre em português. Seja com o Verdelho, a Tinta Grossa ou o Alfrocheiro, o que trabalha na Vidigueira desde 2014 é precisamente isso, castas nossas.

À Vidigueira, o enólogo chegou precisamente em 2006, mas foi em 2014 que decidiu converter e converter-se ao plantio e trabalho com castas portuguesas. Apenas e só. Seria esse o ano que marcaria o primeiro Dolium com essas características, num blend de Aragonez e Trincadeira. «Em Portugal, temos um património imenso e valioso em termos de castas», lembra uma e outra vez enquanto apresenta os seus vários Dolium, no fundo aquele que é como que o ícone da marca e que diz traduzir em muito a filosofia da marca: o cruzamento das tais castas portuguesas com o terroir único daquela região alentejana.

E este é um trabalho que tem conseguido reforçar desde que se concretizou a integração no Grupo Parras, na medida em que lhe tem permitido crescer mais, nomeadamente com investimentos nas vinhas – este ano já foram plantados 45 hectares de vinha, mas mantidas vinhas velhas. «Havia uma necessidade clara de crescimento para o futuro», justifica, enquanto conta que continua a acreditar no que por ali é feito. Tanto assim é que não receia mesmo apresentar colheitas antigas que «mostram o percurso do Dolium, por um lado, e que provam a sua capacidade de evolução e longevidade, por outro!». E se ma das preocupações de Paulo Laureano sempre foi, e é, dar elegância aos vinhos, também não se estranha, por isso, que tenha decidido retirar os 2014 do mercado para os guardar e voltar a lançar mais tarde.

Com as vinhas e as operações localizadas na Vidigueira, produz mais de 1 milhão de garrafas vocacionadas para os segmentos médio e alto do mercado.

Pelo meio de todo este trabalho e processo, entendeu que fazia sentido avançar para um rebranding, com João Lima a assinar a mudança de marca e rótulos. «O que mudam são os rótulos, a filosofia não», esclarece, contando que a nova imagem assenta no seu pilar de distinção e comunicação: as castas portuguesas.

A comemorar 20 anos desde o seu lançamento, o Dolium Reserva 2015 chega então agora ao mercado naquele que, para o enólogo, «é o momento certo.». Dolium é um vinho proveniente de um “Field Blend” de vinhas velhas com mais de 10 castas distintas, entre Alfrocheiro, Alicante Bouschet e Tinta Grossa e uma adição de Trincadeira de vinhas muito velhas, que lhe confere a diferença. Fermentou em lagares de inox e fez a sua maturação em barricas de carvalho francês novo, durante 24 meses, e estágio de cinco anos em garrafa. Foram 20 anos e «demorou a chegar até aqui», conforme Paulo Laureano assume, mas o compromisso continua o mesmo desde que, em 2004, assumiu a exclusividade de trabalhar só e apenas com castas portuguesas.

Para Paulo Laureano, “vinhos são emoções, amigos, partilha, o estreitar de relações”, e o Dolium é o resumo de tudo isto, em formato engarrafado: 20 anos de vinhos e da pegada de Paulo Laureano no mundo dos vinhos portugueses.

Texto de M.ª João Vieira Pinto

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