Metaverso: será que o Marketing B2B está à altura do desafio?

Por Ana Barros, CEO da Martech Digital

O metaverso fica mais vincado quando o Zuckerberg muda o nome do Facebook para Meta. O que reforçou ainda mais as marcas dedicadas ao Business-to-Consumer (B2C), começarem a adoptar a tecnologia numa lógica de experiência imersiva com os consumidores finais. Acredito que para se manterem competitivas, as empresas devem colocar a sua bandeirinha nesta tecnologia. Mas será que os departamentos de marketing Business-to-Business (B2B) estão preparados para esta realidade? E porque deve o marketing B2B acompanhar esta (r)evolução?

A introdução do metaverso no mercado B2B pode ser um adeus à mesmice das negociações convencionais. Como sabemos, um dos grandes desafios deste nosso mercado são os prazos de vendas longos e que envolvem uma dúzia de departamentos e decisores e a atracção de talento.

O metaverso tem potencial para ultrapassar os canais de marketing tradicionais e os marketers devem utilizá-lo para criar experiências imersivas que contrariem a típica jornada de compra.  Esta é a altura perfeita para gerar experiências que façam as nossas personas “ver, fazer, dizer e sentir”. Sem dúvida que o metaverso tem potencial para dar valor ao conteúdo, de uma forma interactiva. Os departamentos podem optar por criar eventos, conferências, feiras virtuais, apresentação de produtos – as opções são ilimitadas e a imaginação é o limite. Sempre numa visão omnichannel.

Adicionalmente, o metaverso permite recolher dados, que são o tesouro de qualquer departamento de marketing. Para além de recolher dados quantitativos e qualitativos, também é possível registar a linguagem corporal e até dados biométricos. Assustador, mas extremamente útil para as empresas. Com estas informações, os profissionais da marketing conseguem hiper personalizar conteúdos, de acordo com as suas necessidades. Abrem-se novos caminhos para um customer research mais aprimorado.

Até mesmo o atendimento ao cliente e os recursos humanos se podem transformar. Os chatbots muitas vezes impessoais e o suporte técnico burocrático, podem ser facilmente substituídos por um atendimento mais personalizado, exclusivo e flexível, auxiliando a retenção de clientes. Para o recrutamento, o metaverso tem o potencial de criar oportunidades de contratação virtual e de aquisição de talentos, e proporciona uma experiência imersiva para os candidatos mostrarem as suas competências e experiências.

Além disso, sendo o metaverso um espaço imersivo, os profissionais de marketing e vendas B2B podem usar a realidade virtual como um complemento à estratégia de internacionalização da empresa para a demonstração de produtos e serviços, assim como negociações comerciais mais próximas e personalizadas.

Exemplo da aplicabilidade desta tecnologia é a Conquest One, uma empresa tecnológica que não só criou uma sala de recrutamento de TI no metaverso, como também disponibilizou o espaço aos clientes.

É facto que no metaverso não existem limites físicos para as estratégias de marketing e até de recrutamento, e esta tecnologia é já uma realidade, está a acontecer. A questão é se todos os departamentos de marketing B2B estão preparados para este cenário.

A minha resposta é “nim”, pois vai depender do perfil de cada empresa, da maturidade tecnológica e digital e o quão os seus  departamentos de marketing B2B estão preparados para o metaverso.

O desenvolvimento de novos modelos de negócios no metaverso e a subsequente criação de valor é um processo “on going” que deve ter uma abordagem com o pé bem assente no chão. É essencial para as empresas desenvolverem uma estratégia que se alinhe com os seus objectivos e considerar as necessidades e expectativas dos seus clientes e colaboradores. Colaborar com especialistas em tecnologia, procurar por parcerias estratégicas e alocar os recursos adequados são elementos essenciais para o desenvolvimento de uma estratégia de marketing eficaz no metaverso e que proporcione a experiência nessa jornada.

Creio que, a médio prazo, o metaverso irá revolucionar o mundo dos negócios. Desde uma maior colaboração e oportunidades de networking, experiências de cliente mais  imersivas, marketing inovador e redução de custos, esta tecnologia oferece mais vantagens do que desvantagens. E embora possa existir alguma incerteza associada à entrada no metaverso, os potenciais benefícios são demasiado positivos para serem ignorados e já há quem esteja a aplicar nas suas empresas.

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