Março: o mês com mais e menos afluência aos supermercados em Portugal
Março ficou marcado por imagens de filas para entrar nos supermercados e carrinhos de compras com papel higiénico e enlatados até cima, mas também por um receio generalizado em visitar lojas e ir às compras. Segundo um estudo da Centromarca, com base em dados compilados pela Kantar, Março foi, simultaneamente, o mês com a maior e a menos afluência às lojas desde que 2020 começou.
3 de Março foi o dia com a maior afluência de todo o ano, para comprar especialmente produtos de higiene. Depois de declarada a pandemia pela Organização Mundial de Saúde, verificou-se uma nova corrida aos supermercados, registando-se um aumento de 24% na presença em loja. Desta vez, o objectivo era encher a despensa.
Por outro lado, com a declaração do estado de emergência, a afluência às lojas diminuiu drasticamente para os valores mais baixos de 2020 até à data. No sentido inverso, aumentou o volume de compras a cada ida ao supermercado.
No dia 22 deste mês, o nível de compradores foi o mais reduzido do ano, ficando 42% abaixo da média diária de 2020. O tamanho de cada cesta nesta data atingiu, porém, níveis máximos. No entanto, realça o estudo, há uma quebra abrupta das compras de bens de grande consumo a assinalar.
Na terceira semana após a confirmação dos primeiros casos, o saldo total de produtos comprados ficou na média, face ao período ‘pré-COVID-19’. Mas a Centromarca aponta para uma tendência clara de decrescimento que se poderá agravar nas próximas semanas, até se encontrar um novo equilíbrio no padrão de compra.
No geral, 81% dos portugueses alterou os seus hábitos diários na sequência da pandemia, mudando a forma como se comportam e consomem.
Além de lavarem mais vezes as mãos (83%) e de andarem menos vezes de transportes públicos (62%), nota-se uma redução do consumo de fora de casa em 77% dos inquiridos.
«Nas quatro semanas que se seguiram à confirmação dos primeiros casos de COVID-19 em Portugal, foi notória a alteração na forma como os portugueses realizaram as suas compras. Neste curto espaço de tempo, passaram de compradores com rotinas de elevada ‘consistência’ para compradores com reacções de ‘contingência’», explica Pedro Pimentel, director-geral da Centromarca.
A Kantar agrupa estas mudanças no padrão de compra em três momentos de reacção dos portugueses, que resultaram em três padrões distintos: semana de confirmação dos primeiros casos de COVID-19 em território nacional; semana em que o COVID-19 foi declarado como pandemia; e das restrições ao acesso de estabelecimentos à declaração do estado de emergência.