Os influenciadores mais jovens estão a descredibilizar-se
Existem influenciadores digitais cada vez mais jovens que, pese a idade, merecem o apoio das marcas para chegar a outros targets. Mas a escolha das parcerias tem de ser ponderada, sob risco de deixarem de ser uma mais-valia para as marcas.
Na 13.ª Conferência Marketeer, com o tema “Quanto valem os influenciadores”, Miguel Raposo, director de Marketing de Influência da Fullsix, afirma que os influenciadores mais novos, pela ausência de muitas propostas, são pouco criteriosos quanto às propostas que recebem. «As gerações mais novas aceitam tudo. E, com isso, começam a ser descredibilizadas por parte das marcas», sublinha o responsável.
O tema surgiu numa mesa redonda, protagonizada também por Tiago Froufe, fundador da agência Luvin e do site “Bons Rapazes”, Rita Tomé Duarte, directora da unidade de negócio Delta Q, Rui Maria Pêgo, locutor e apresentador, e Inês Drummond Borges, directora de Marketing da Worten. A moderação ficou a cargo de Maria João Vieira Pinto, directora de redacção da Marketeer.
Para Tiago Froufe, as agências devem ter um papel activo na gestão de marcas dos seus agenciados, apostando também na co-criação para a criação de um perfil de influenciador relevante. «Cabe aos influenciadores, juntamente com as agências, fazerem análises criteriosas das associações com as marcas», explica.
Rui Maria Pêgo explica que, enquanto influenciador, apenas se associa a marca que permitem uma ligação natural. «Não me associo a marcas com as quais não me identifico, nem às que me tentam controlar. A forma de sermos relevantes é criarmos parcerias com marcas com as quais partilhamos valores. Acredito nesta sinergia, que proporciona ligações orgânicas», afirma.
Inês Drummond Borges explica que a Worten assenta a sua estratégia de Marketing de Influência em três conceitos: reach, credibilidade e engagement. «A envolvência com que os influenciadores comunicam com o seu público determina a nossa escolha. A área da tecnologia tem uma adopção com processos específicos, sendo, por exemplo, fundamental chegar aos early adopters. Consoante os nossos objectivos, temos de perceber que tipo de influência faz mais sentido», afirma.
Miguel Raposo defende ainda a importância da autenticidade nas relações entre influenciadores e as marcas. E afirma que «as relações mais duradouras com as marcas são mais benéficas pois permitem criar ligações mais autênticas». Por outro lado, Inês Drummond Borges explica que, apesar de concordar com a afirmação, «por vezes, existem objectivos imediatos que não permitem a criação de relações a longo prazo».
Apesar dos desafios, ficou claro que os influenciadores assumem bastante relevância na estratégia das marcas, pelas mais-valias que proporcionam. «O propósito é dar a conhecer a marca e partilhar os seus valores. Todos usamos influenciadores ou embaixadores porque é mais fácil de partilhar uma mensagem quando a pessoa que o faz transmite-nos confiança, especialmente numa era com um grande volume de informação», afirma Rita Tomé Duarte.
Texto de Rafael Paiva Reis
Fotos de Paulo Alexandrino