Um brinde aos recomeços

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Com esta nova fase da quinta do gradil, entra também um novo enólogo, novos vinhos, um salão para receber grandes eventos, uma capela e mais aposta no enoturismo. Uma mão-cheia de novidades

À apresentação de um novo enólogo e de novos vinhos junta-se a celebração dos 20 anos do proprietário à frente da Quinta de 200 hectares. Agora com o Salão dos Marqueses, inaugurado há cerca de um mês, e a Capela de Santa Rita, para realizar cerimónias religiosas, a Quinta do Gradil está preparada para receber outra tipologia de eventos que não podia proporcionar até então, e que se vêm juntar às experiências que já acontecem há alguns anos, como a corrida a pé ou de bicicleta entre as vinhas e as vindimas.

«Com um investimento de um milhão e 200 mil euros nesta primeira fase, a seguir está pensada a recuperação da cave de barricas e o largo com o mítico repuxo», explica Luís Vieira, o proprietário.

A “nova Quinta do Gradil” arrancou em Janeiro de 2018, quando começaram as obras do Palácio que estava em ruínas e que conta com quase 200 anos de história. Mais precisamente 165 anos. Com esta recuperação do património histórico iniciou-se uma investigação sobre a origem da Quinta do Gradil e é assim revelada a ligação aos Marqueses de Pombal. «Costumávamos partilhar com quem nos visitava que a propriedade pertenceu ao Marquês de Pombal, porque temos o brasão da família na fachada da casa principal, mas não sabíamos ao certo a que geração. Hoje sabemos que foi aos 6.º Marqueses de Pombal», esclarece Luís Vieira.

Com o descortinar da história e para assinalar este marco, a Quinta do Gradil aproveitou para fazer o lançamento de um Espumante Rosé 100% Touriga Nacional e dar-lhe o nome de Maria do Carmo. De lá para cá, foi ainda lançado o monocasta Alvarinho e deixada a promessa de que a gama totalmente renovada será apresentada em 2020, com uma nova imagem.

Com a chegada de Tiago Correia, o enólogo, em meados de 2018 a terras do Cadaval, surge agora o primeiro Alvarinho da Quinta do Gradil, casta originária da região dos vinhos verdes, mas «que se deu lindamente aqui na região», revela-nos o próprio.

No tempo de Maria do Carmo e a ligação à família Pombal

Filha mais nova de Francisco António da Fonseca e de D. Maria Isabel Romeiro, D. Maria do Carmo Romeiro da Fonseca nasceu no Sanguinhal, freguesia do Carvalhal, a 17 de Abril de 1829. Registe-se a curiosidade de ter sido afilhada de baptismo dos duques do Cadaval.

«Tendo herdado o Casal do Gradil por herança materna em 1849, D. Maria do Carmo Romeiro da Fonseca ficou proprietária formal e definitiva do mesmo após a ratificação da partilha em Abril de 1854», conta-nos Luís Vieira. Terá sido também nesta altura que D. Maria do Carmo efectuou a demarcação de toda a propriedade rústica.

O ano de 1854 ficaria marcado por outro importante acontecimento: o seu casamento com Joaquim José Fernandes, a 8 de Dezembro. Nesta altura mandou gravar as iniciais dos dois nos dois pilares que estão à entrada do largo principal da Quinta, juntamente com o ano do casamento, e que ainda hoje se vêem muito bem.

«Joaquim José Fernandes não era novo à data do casamento – completara já os cinquenta anos. Foi durante vários anos director do Banco de Portugal e investiu capital em diversas empresas, sendo accionista, quando morreu, da Junta do Crédito Público e do Banco de Portugal, da Companhia de Fiação e Tecidos de Santo Amaro.»

Ao contrário dos maridos das duas irmãs de D. Maria do Carmo Romeiro da Fonseca, Joaquim José Fernandes não tinha qualquer propriedade na região estremenha e por isso o casal dedicou-se a beneficiar o Casal do Gradil, cuja designação se viu convertida, a partir de então, em Quinta do Gradil. As melhorias da Quinta terão sido realizadas nos dez anos que durou o casamento de D. Maria do Carmo Romeiro da Fonseca com Joaquim José Fernandes, vindo este a falecer pouco depois.

O casal tinha apenas uma filha, então menor de seis anos, chamada Maria do Carmo Fernandes. Viúva e com a jovem filha para cuidar, D. Maria do Carmo teria certamente a preocupação de lhe arranjar noivo, o que não deixaria de estar facilitado pela circunstância de a rapariga ser uma interessante herdeira. Esse momento chegou em Novembro de 1873 e a escolha do consorte recaiu em António de Carvalho Daun e Lorena, filho do 5.º conde de Oeiras e 5.º marquês de Pombal.

O jovem haveria de ser o 5.º conde de Santiago – uma outra dignidade que recaíra na família – por mercê concedida pelo rei D. Luís, em 1865. Com o falecimento do 5.º Conde de Oeiras, António tornou-se no presumível sucessor da Casa Pombal.

E com efeito a morte do pai, no início de Outubro de 1886, fez dele e de Maria do Carmo Fernandes os 6.ºs marqueses de Pombal. «O casal nutriu sempre gosto pela Quinta do Gradil, que, para além da sua dimensão agrícola, funcionaria como espaço de lazer e recreio da família.

D. Maria do Carmo Romeiro da Fonseca mantinha-se dona da propriedade, mas cremos que o genro e a filha terão sido responsáveis pela colocação, ainda em vida dela, do brasão de armas que decora o frontão da fachada principal da residência», remata.

Encontradas as raízes, com novas castas em produção e novas a ser plantadas, um novo enólogo habituado a trabalhar precisão, uma casa a renovar-se e uma localização privilegiada, a meia hora da capital do país, a Quinta do Gradil prepara-se para iniciar uma nova fase de vida e reposiciona-se para ser o produtor de referência da Região de Vinhos de Lisboa.

 

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