
Temu: Como podem as grandes marcas aproveitar o sucesso da plataforma?
A ascensão da retalhista chinesa Temu no Reino Unido tem chamado a atenção. Numa análise feita pelo site The Grocer, deixa-se a questão: até quando as grandes marcas poderão ignorar os preços reduzidos que a plataforma oferece?
Com uma base de utilizadores em rápida expansão, a plataforma representa uma oportunidade para marcas e fornecedores de bens de grande consumo. Os preços praticados são conseguidos graças ao envio de produtos diretamente de fabricantes chineses, evitando intermediário e reduzindo custos.
O único problema – a oportunidade para a concorrência – é que essa opção alonga os prazos de entrega. Para mitigar este fator, desde 2024 que a retalhista tem convidado comerciantes britânicos a juntarem-se ao marketplace, procurando alargar a oferta local e reduzindo tempos de envio.
Atualmente, vendedores locais já disponibilizam marcas como Tetley, Fanta e Fairy Liquid, mas a maioria são revendedores e grossistas, sem grandes marcas a venderem diretamente. Ao contrário da Amazon, a Temu não permite a criação de lojas de marca.
No entanto, alguns fabricantes já estão a explorar este potencial. A Nova Tissue, produtora britânica de papel higiénico e rolos de cozinha, viu-se pressionada por grandes retalhistas a baixar preços e, em dezembro, começou a vender na Temu. O resultado foi imediato: as vendas diárias superiores foram superiores a 10 mil libras e vários produtos tornaram-se bestsellers no Reino Unido.
“Se uma marca não está presente na plataforma, há uma forte probabilidade de já existir uma versão genérica e mais barata do seu produto”, diz a especialista em e-commerce Miya Knights. Além disso, ao contrário da Amazon, a Temu aposta agressivamente em publicidade digital, utilizando as marcas registadas dos concorrentes nas suas campanhas.
Por outro lado, a política de preços baixos da Temu pode ser um entrave para atrair marcas reputadas. “As marcas querem manter o controlo sobre os preços para maximizar lucros sem desvalorizar o seu nome. Isso entra em conflito direto com a proposta da Temu”, aponta Greg Zakowicz, especialista sénior em e-commerce da Omnisend. No entanto, Knights destaca que marcas devem sublinhar a autenticidade, inovação e qualidade, uma vez que estes elementos podem destacá-las.
Embora seja acusada de vender imitações, a Temu afirma que oferece mecanismos de proteção para que os fabricantes mantenham controlo sobre os seus produtos. Ainda assim, a reputação da plataforma continua a ser um obstáculo.