Sabia que o número de passos foi “inventado” para vender relógios? E resulta
Saber as calorias que gasta no dia-a-dia ou avaliar o nível de stress ou da qualidade do sono bem como aceder às notificações do telemóvel e ter a possibilidade de fazer chamadas telefónicas a partir do próprio relógio são privilégios que, com um smartwatch passa a ter à mão. Ou melhor, no pulso.
Contudo, além de tudo isto, há uma funcionalidade que está no topo de (quase) todas: a medição do número de passos sempre visível. Só que, na realidade, esta função foi “inventada” para vender relógios. Sim, é verdade. Numa altura em que muitos têm uma vida sedentária é bom ter um mecanismo que impulsione outro modo de vida, para ser possível alcançar aqueles 6000, 7000 ou 8000 passos. Mas não passa disso: um impulsionador virtual.
Segundo o I-Min Lee, um professor de epidemiologia da Harvard T.H. Chan School of Public Health, especialista no número de passos que realmente deveríamos fazer todos os dias para termos um estilo de vida ativo e minimamente saudável, os 10 mil passos que tanta vez vemos nos aparelhos electrónicos têm como base uma estratégia japonesa dos anos 60. Ou melhor. Tudo começou quando um fabricante de relógios decidiu aproveitar os Jogos Olímpicos de 1964 (Tóquio), para produzir e vender em massa um pedómetro, que teria, obviamente, o objetivo de 10 mil passos diários.
A verdade é que, cientificamente falando, não precisamos realmente de fazer tantos passos por dia. É certo que, quanto mais movimento fizermos, mais calorias vamos gastar. Porém, segundo um estudo que teve como base mulheres de 70 anos, foi descoberto que as participantes capazes de fazer 4400 passos diários, reduziram o risco de morte prematura em cerca de 40%. Isto em comparação direta com as que faziam menos de 2700 por dia. Estes benefícios continuaram até aos 7500 passos diários. Só que, depois deste número, as vantagens começaram a estagnar.
Por outro lado, nos homens, houve outro estudo, em 2020, em que o ponto ótimo parece estar entre os 7000 e 8000 passos diários. Ou seja, tanto nos homens, como nas mulheres, fazer mais passos equivale a mais benefícios, mas as vantagens começam a ser residuais após os 7000/8000 passos.