Ao longo das últimas semanas a Meta, dona do Facebook e Instagram, terá removido ou restringido dezenas de contas com conselhos sobre aborto e de conteúdos LGBTQIA+, naquela que é uma das suas “maiores ondas de censura”, acusa a Repro Uncensored, uma Organização Não Governamental (ONG) que trabalha ao nível da censura digital contra movimentos focados em género, saúde e justiça.
A ONG diz ter registado 210 incidentes de remoção de contas e restrições severas que afetaram estes grupos este ano, em comparação com 81 no ano passado. Estas restrições terão começado com especial veemência em outubro e tiveram como alvo as contas de Facebook, Instagram e WhatsApp de mais de 50 organizações a nível global, refere o The Guardian.
A Meta entretanto já veio negar que se esteja perante uma onda de censura crescente. “Todas as organizações e indivíduos nas nossas plataformas estão sujeitos ao mesmo conjunto de regras, e quaisquer alegações de aplicação de regras com base em afiliação a grupos ou defesa de causas são infundadas”, afirmou em comunicado, acrescentando que as suas políticas relacionadas com conteúdos respeitantes ao aborto não sofreram alterações.
Os ativistas têm defendido que a alegada postura de censura da Meta está a ter em conta a abordagem da “era Trump” em relação à saúde da mulher e das questões LGBTQ+, tendo inclusive bloqueado linhas telefónicas de apoio ao aborto, proibido contas LGBTQIA+ e removido publicações com representações de nudez, mesmo que não explícitas ou em forma de desenho animado.
“Ao longo do último ano, especialmente desde a nova presidência dos EUA, temos observado um aumento significativo no número de contas suspensas – não apenas nos EUA, mas também em todo o mundo, como um efeito dominó”, aponta Martha Dimitratou, diretora executiva da Repro Uncensored, acrescentando que esta foi até agora “uma das maiores ondas de censura” que a ONG tem presenciado.
