O valor da autenticidade das marcas num mundo cada vez mais sintético

Alguma vez se interrogou sobre a frequência de publicação necessária para aperfeiçoar o crescimento de uma marca nas redes sociais? Neil Patel, conhecido no meio do Marketing Digital como o “guru do SEO”, analisou recentemente os números de milhares de contas nas principais aplicações sociais e chegou à resposta: no Instagram, por exemplo, a recomendação é publicar quatro a sete histórias por dia, cerca de três a sete reels por semana, imagens duas a quatro vezes por semana, lives uma ou duas vezes por semana, um carrossel por semana e entre nove e 38 comentários por dia. Surpreendido/a com o volume de trabalho que o/a espera?

Antes do advento da Inteligência Artificial (IA), projecções como a tornada pública por Patel facilmente levariam qualquer profissional de marketing ou curador de conteúdos a desistir antes sequer de começar. No entanto, graças a ferramentas tecnológicas cada vez mais sofisticadas, o desafio passou rapidamente da produção hiperactiva para o redireccionamento calculado através das várias plataformas, com muito menos tempo e esforço exigidos aos gestores das marcas. Finalmente, uma bela sem senão.

Mas eis que novas e profundas questões vão, agora, fazendo o seu caminho até à superfície: não serão as redes sociais – e outras plataformas do universo do Marketing Digital – inundadas com conteúdo sintético de utilizadores que não estão, verdadeiramente, a alimentá-las? E se os motores de busca filtrarem e devolverem esse mesmo conteúdo – recordemos o anúncio da OpenAI, empresa responsável pelo ChatGPT, sobre a construção do seu próprio motor de busca, num desafio directo à Google -, não estaremos, no limite, a consumir sempre a mesma coisa? Se um dos pontos fortes da IA é a automatização de actividades de grande volume e de curto prazo, estarão as redes sociais e a publicidade digital destinadas a tornar-se aterros de informação algorítmica?

Ter um gerador baseado em IA a fazer o “trabalho pesado” oferece muitas vantagens, mas precisamos de criação orgânica para nos mantermos autênticos, únicos e capazes de surpreender. Tal como antecipado por Alan Turing, pai da Computação Teórica, “se se espera que uma máquina seja infalível, não pode ser também inteligente”.

Vislumbrando o futuro, o papel da IA no marketing, na publicidade e na comunicação deve continuar a expandir-se de forma arrebatadora e é de prever que a tecnologia proporcione ideias cada vez mais matizadas. Embora criado por máquinas, testado e aperfeiçoado continuamente em tempo real, sem qualquer tipo de intervenção humana, o conteúdo gerado por “primos em 3º grau” dos aspiradores e dos multibancos poderá continuar a crescer sem filtro durante mais algum tempo. No entanto, o foco na essência diferenciadora continuará a ser um esforço profundamente orgânico. Tal como já acontece no caso de algumas obras científicas e literárias, também a internet vai precisar de avisos para conteúdos gerados por IA.

Nota final: este artigo foi escrito por um ser humano, sem qualquer colaboração sintética.

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