O que é feito dos líderes?
M.ª João Vieira Pinto
Directora de Redacção Marketeer
Há umas semanas, num pequeno fórum, alguém comentava que já não há presidentes de empresas como antigamente. Corrigindo, que já não há gestores-referência, líderes mediáticos, nomes que se destacam no meio da multidão. Que falta carisma, falta arrojo, vontade de fazer diferente ou melhor.
Não sei se esses líderes a que se referiam desapareceram, até porque muito bons gestores continuam a dar cartas em Portugal. Talvez haja menos a fazer a diferença, a serem inspiradores, a apetecer ouvir e seguir – daqueles com quem se quer aprender. Mas talvez haja também mais nomes a preferir ficar pela sombra que as luzes do palco por vezes cegam e destroem!
O que não sei, ainda, é se a radiografia se limita ao meio empresarial. Depois dos 50 anos acho que já posso dizer “sou do tempo em que…”. E, sim, sou do tempo em que os líderes políticos eram figuras com carisma, estadistas com orgulho, visão de futuro e uma vontade inabalável de fazer melhor.
Hoje, assisto perplexa aos debates na Assembleia da República e rio para não chorar. Assisto às “campanhas” dos líderes partidários e continuo a rir para não gastar mais lenços. Assisto ao desfile dos protocandidatos à Presidência e volto a rir – que remédio! É que não será por aqui que elevamos o nível do País. Não será por aqui que garantiremos valor para as próximas gerações – que já aí estão, mas não querem ficar. Não será por aqui que voltaremos a ter lideranças fortes. E, sem estas, também não será por aqui que ganharemos rumo!
No final dos anos, é tradição comer 12 passas e pedir desejos. Pondero se uma delas não será para pedir que voltemos a ter orgulho em quem nos lidera – na política, nas empresas, no desporto… –, já que arriscamos, a prazo, vir a perder todos os nossos melhores! E nessa altura, não haverá passas que nos salvem!
Editorial publicado na revista Marketeer n.º 341 de Dezembro de 2024