Nunca se venderam tão poucas TVs desde 2015 em Portugal
Após um ano marcado por altos e baixos no mercado de Bens Tecnológicos de Consumo (BTC), a escolha dos consumidores entre produtos premium ou a preços mais acessíveis continua a ser um tópico determinante para a indústria, a par da possível recuperação esperada para 2024 e das mudanças trazidas pelo impacto da Inteligência Artificial.
O estudo da GfK verifica que os produtos de cuidado pessoal, secadores (+3%) e modeladores de cabelo (+7%) e de entretenimento “on the go” (em movimento), como as máquinas fotográficas digitais (+13%) e os auriculares e auscultadores wireless (+7%), foram os que mais cresceram em 2023 a nível mundial.
Também os equipamentos de ar condicionado, os refrigeradores de ar e as ventoinhas eléctricas tiveram um ligeiro aumento das vendas, com mais 1%, 5% e 41% respectivamente, impulsionadas pelas alterações climáticas que fizeram de 2023 um dos anos mais quentes.
Electrónica e televisões em Portugal
Em Portugal, a aquisição de electrónica de consumo e de fotografia registou uma quebra de 4% face a 2022, gerando uma receita de 375 milhões de euros em vendas. Nesta área, a Fotografia foi o único segmento a registar crescimento, sendo que as actividades ao ar livre também impulsionaram a compra de produtos como câmaras fotográficas e de vídeos, drones e mini colunas.
A venda de televisões registou a maior queda em valor desde 2015 (6%), uma categoria que, à semelhança do restante mercado, chegou a um estado de saturação, ainda influenciada pela alta procura durante a pandemia, e pela tensão nos orçamentos familiares que levou ao abrandamento da procura.
Para este ano, as vendas a nível mundial podem ser positivamente influenciadas pela realização do Campeonato Europeu de Futebol e pelos Jogos Olímpicos, mas o crescimento esperado pode não ser suficiente para alcançar valores positivos.
O pequeno e o grande electrodoméstico
As air-fryers (fritadeiras de ar quente) foram alguns dos produtos que mais cresceram em vendas e que ganharam quota de mercado (+43%), a par dos aspiradores robot e os aspiradores verticais (+10%) e dos produtos de cuidado pessoal (+8%) que foram verdadeiros motores de crescimento. Os exaustores, por seu turno, foram o único produto a crescer mais em unidades do que em valor.
Após um forte crescimento, beneficiado pelo período pandémico, o desempenho dos electrodomésticos por encastre cai em 2023, menos 3,2% em Portugal e menos 6,1% na Europa, justificado pelo término do boom verificado até 2022 e pelo aumento das taxas de juro que fez diminuir o investimento em construção nova. O estudo da GfK revela também que o grande electrodoméstico começou a perder alguns dos seus principais motores de crescimento.
O futuro do mercado passa pela inovação, que permita unir a exigência da conveniência à necessidade da sustentabilidade. Este equilíbrio será a chave para o sucesso. Espera-se que o pequeno electrodoméstico mantenha uma trajectória de crescimento em 2024, apesar do caminho sinuoso para o grande electrodoméstico.
Em Portugal, o mercado de BTC teve um ano muito positivo em 2023, seguindo a tendência de crescimento verificada desde 2013. Dezembro voltou a ocupar o lugar de mês mais importante do ano, substituindo Novembro. Os pequenos electrodomésticos, a par da Telecom e da fotografia, foram as categorias que registaram melhores resultados. O online continua a recuperar a sua quota de mercado, onde se manteve acima do offline mesmo quando este cresceu.