À medida que o mês de dezembro traz consigo o aumento das viagens para férias, visitas familiares ou escapadinhas, a Inteligência Artificial (IA) está a tornar-se uma ferramenta habitual no planeamento de itinerários. No entanto, um estudo recente da Kaspersky mostra que, apesar da crescente popularidade, 53% dos europeus que recorrem à IA continuam preocupados com a forma como os seus dados pessoais são tratados.
A principal motivação para utilizar serviços de IA é, segundo 65,1% dos inquiridos, a poupança de tempo e a facilidade que estas tecnologias oferecem na organização de uma viagem. Muitos viajantes recorrem à IA para descobrir atrações turísticas (53,8%), receber recomendações ajustadas ao seu perfil (51%) ou encontrar promoções que ajudem a reduzir custos (50,9%). Além disso, 50% reconhecem que a IA lhes dá acesso a informações que seriam difíceis de localizar por conta própria.
Os hábitos variam consoante o país. Na Alemanha, 67,5% dos viajantes dizem que a IA simplifica significativamente o planeamento. Em Espanha, o foco está na busca por atrações (57,5%), enquanto em Itália os viajantes valorizam sobretudo as recomendações personalizadas (58%) e a poupança (56%).
Privacidade em destaque: partilha de dados divide utilizadores
Apesar das vantagens, a segurança da informação permanece como um obstáculo para muitos. Para 52,5% dos europeus, a partilha de dados pessoais com plataformas de IA representa um risco real. Estes utilizadores admitem evitar fornecer detalhes sensíveis, como datas de viagem ou cópias de documentos.
Espanha destaca-se como o país mais cauteloso, com 57,5% dos inquiridos preocupados com a proteção da sua informação. No extremo oposto, apenas 11% dos viajantes britânicos acreditam que as plataformas de IA tratam os seus dados de forma totalmente segura.
Os especialistas alertam que, embora a IA já seja capaz de criar roteiros completos adaptados ao orçamento e preferências de cada pessoa, as informações fornecidas por chatbots nem sempre são precisas. Há casos documentados de turistas que enfrentaram problemas por não confirmarem dados importantes sugeridos pela IA.
Outro risco prende-se com links enviados por assistentes automáticos, que podem direcionar para páginas maliciosas. A recomendação é clara: validar sempre os URLs antes de clicar e utilizar ferramentas de proteção contra phishing.
Satisfação elevada apesar das reservas
Mesmo com estas preocupações, a maioria dos europeus mostra-se satisfeita com o uso da IA. Para 33% a experiência foi “excelente”, e 60,3% classificam-na como “boa”. Menos de 1% afirma ter tido uma experiência negativa.
Os espanhóis lideram em satisfação: 95,5% dos viajantes dizem ter tido uma experiência positiva. Já no Reino Unido, 8,5% mantêm uma posição neutra.
Como utilizar a IA nas viagens sem comprometer a segurança
A Kaspersky deixa várias recomendações para garantir uma utilização segura:
Evitar partilhar informações pessoais ou sensíveis com assistentes de IA.
Realizar manualmente todas as ações importantes, como reservas e pagamentos.
Analisar cuidadosamente links e e-mails sugeridos pela IA, recorrendo a soluções de segurança.
Manter uma ligação estável à Internet durante a viagem — recorrer a eSIM pode ser uma opção.
Não associar contas críticas ou com dados confidenciais a plataformas automatizadas.
Com o uso da IA a crescer rapidamente no setor turístico, o desafio passa por equilibrar conveniência e privacidade — garantindo que a tecnologia facilita a experiência do viajante, sem colocar em risco a sua segurança digital.
