Liberdade com responsabilidade

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08/10/2025
20:03
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Opinião de Helena Marques, CEO da Agência de Comunicação Article Land

Todos os dias somos confrontados com milhares de notícias nas redes sociais. Desde quando acordamos até quando nos deitamos, mas a preocupação que temos atualmente é, antes de tudo, perceber ou melhor descodificar que as centenas de notícias que nos escorrem nas pontas dos dedos são verdadeiras ou meras mentiras. Uma tarefa que começa a tornar-se cansativa tendo em conta que quase não há tempo para quase nada. Vivemos cada vez mais nas redes sociais, o que representa um terreno fértil para publicar informações que têm apenas como objetivo influenciar comportamentos.

Este cenário torna-se ainda mais verdadeiro e perigoso em períodos eleitorais. Assusta perceber que esta desinformação seja, na maioria dos casos, justificada com o argumento que “vivemos numa democracia onde impera a liberdade de expressão.” Bem sabemos que a garantia de que todos nós nos podemos manifestar livremente é um dos pilares mais importantes da democracia. Mas é neste contexto que vivemos que o debate sobre os limites da liberdade de expressão nunca foi tão urgente. Na verdade, quando esse direito é usado como escudo para disseminar desinformação, precisamos repensar até que ponto ele pode ser exercido sem responsabilidade.

Não tenho dúvidas sobre o facto de que a liberdade de expressão deve ser defendida com firmeza, pois é a ela que permite um debate público saudável e a diversidade de opiniões. Mas não podemos ignorar que desinformação — na maioria das vezes deliberada — tem causado danos reais à sociedade. Infelizmente são tantos os exemplos que a lista é comprida e prevejo que as fake news vão manter-se como “tendência” sobretudo em períodos eleitorais ou em momentos que importa “controlar as massas”. Preocupa-me que “as mentiras” influenciam e interferem nas decisões coletivas, promovendo divisões e muitas vezes promove o ódio, colocando muitas vidas em risco. Dizer que um determinado medicamento é responsável por uma doença é demasiado grave pois interfere com a vida de milhares de pessoas e estamos a colocar em dúvida tantos anos de investigação. Promove o medo, a revolta e o que aparente ser um ponto de vista inofensivo, pode transformar-se num caos mundial.

Neste contexto qual é o papel da comunicação e da assessoria de imprensa? Como se minimiza o impacto de uma mentira ou de uma informação manipulada usando as mais diversas ferramentas da comunicação. Creio que até neste ponto a IA pode dar um apoio relevante, mas dificilmente consegue reparar todo o mal entretanto causado. Esta retórica aplica-se a tudo e este é mais um ou será um novo desafio para quem trabalha na área da comunicação onde se

inclui as redes sociais. As marcas e as empresas não estão fora desta equação pois a qualquer momento podem ser vítimas de afirmações falsas que, quando amplificadas por algoritmos ou por outras formas de comunicação, podem ter consequências graves. Andamos focados e preocupados em incluir IA nas nossas organizações porque não podemos perder a carruagem da inovação e muito menos desperdiçar o futuro que é hoje. Mas creio que devemos olhar para a desinformação com preocupação.

Nesse sentido, plataformas digitais, governos e sociedade civil devem desempenhar um papel importante na regulação e no combate à desinformação, sem obviamente recorrer à censura ou calar críticas legítimas. Quero acreditar que é possível e recomendável, equilibrar liberdade de expressão e combate à desinformação. Há um trabalho coletivo que passa por educação, responsabilidade das plataformas e leis que coíbam o uso intencional da mentira como arma política. Liberdade de expressão não pode significar liberdade para enganar.

 

 




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