A economia portuguesa tem demonstrado uma resiliência notável, impulsionada por um tecido empresarial dinâmico e inovador. No centro deste ecossistema estão as empresas 100% portuguesas, que, além de reforçarem a identidade nacional, são motores essenciais do crescimento, da criação de emprego e da valorização do know-how local. Mas o que significa ser uma empresa 100% portuguesa? E quais os desafios do mercado global cada vez mais competitivo?
Mais do que uma questão de capital ou localização, significa preservar uma identidade própria, apostar nos recursos nacionais e projectar o país internacionalmente. Em áreas tão distintas como a agro-alimentar, a tecnologia, a indústria, o ensino ou o turismo, há empresas portuguesas que se destacam pela sua capacidade de adaptação, provando que Portugal compete e lidera em diversos sectores.
A digitalização e a transformação dos modelos de negócio são, hoje, inevitáveis. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2023, cerca de 60% das empresas em Portugal utilizavam meios digitais de comunicação digital, com forte crescimento do e-Commerce. Este cenário revela a capacidade das empresas para responder às novas exigências, adoptando novas tecnologias e modernizando os processos produtivos.
Neste contexto, a Inteligência Artificial (IA) assume um papel central. Desde a automação inteligente da produção, à hiperpersonalização da experiência do consumidor ou à análise avançada de dados, a IA permite aumentar a eficiência, reduzir custos e melhorar a qualidade dos produtos e serviços. Cada vez mais empresas nacionais apostam em soluções baseadas em IA, como chatbots ou sistemas de machine learning.
Contudo, inovar implica mais do que adoptar tecnologia: exige investimento em conhecimento, talento e investigação. Aqui, o sector da educação é um parceiro estratégico. É fundamental reforçar as sinergias entre as empresas e as instituições de ensino, de forma a promover a formação especializada e processos de I&D&I. Através destas cooperações, alia-se o melhor dos dois mundos: o ensino e a investigação em favor do crescimento e desenvolvimento das empresas; e, por outro lado, uma constante actualização dos programas curriculares e criação de novos cursos em resposta às necessidades do mercado. Neste âmbito, o ISAG tem desempenhado um papel crucial: formando gestores, empreendedores e especialistas capazes de criar e liderar empresas Made in Portugal, bem como assumindo firmemente a sua missão de ligação ao tecido empresarial, espelhada nas mais de 500 parcerias empresariais que se concretizam em inovadores projectos de investigação aplicada, estágios, e formação In Company.
A internacionalização é outro eixo estratégico. O mercado português, embora promissor, tem limitações, levando muitas empresas a apostar na exportação e na diversificação geográfica. A qualidade e a inovação das marcas portuguesas têm conquistado reconhecimento lá fora. Também aqui, o papel das instituições de ensino é relevante: preparar profissionais com espírito empreendedor, competências interculturais e visão global, através da promoção de projectos internacionais e da integração em redes de cooperação internacional.
Finalmente, é fundamental a sustentabilidade, considerando os impactos ambientais, sociais e económicos. A exigência por práticas mais ecológicas e responsáveis está a moldar o comportamento dos consumidores, requerendo a adaptação das empresas, através de produtos e serviços que minimizam o impacto ambiental e promovem a economia circular. A sustentabilidade, aliada à inovação e à qualificação, será uma das chaves do futuro.
O conceito Made in Portugal representa, cada vez mais, um selo de qualidade e excelência, associado à inovação e à autenticidade. Contudo, o futuro das empresas portuguesas dependerá da sua capacidade de adaptação, inovação e resiliência. Para tal, devem investir na qualificação, na digitalização e na sustentabilidade, sem nunca perder de vista a identidade que as torna únicas no panorama internacional.
Texto: Elvira Pacheco Vieira, Directora-geral do ISAG
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Empresas 100% Portuguesas”, publicado na edição de Abril (n.º 345) da Marketeer.














