Desde Maio, pelo menos dez governos locais na China anunciaram a atribuição de subsídios entre os 2.000 e os 5.000 yuan (aproximadamente entre 260€ e 700€) a consumidores que optem por veículos equipados com o sistema operativo HarmonyOS, desenvolvido pela Huawei, e com a sua tecnologia de condução autónoma.
Estes apoios surgem num contexto económico mais cauteloso, depois de o governo chinês ter oficialmente encerrado os incentivos públicos aos veículos elétricos em 2022, numa tentativa de empurrar os fabricantes para a sustentabilidade financeira. No entanto, os novos subsídios , agora exclusivamente direcionados a modelos com tecnologia Huawei.
Ainda que seja prática comum os governos locais chineses oferecerem vantagens a fabricantes regionais, por exemplo, através da renovação de frotas públicas, a atribuição direta de subsídios a consumidores para comprarem modelos de uma tecnologia específica é algo inédito e controverso, afirmam analistas do setor.
Desde que foi fortemente sancionada pelos EUA, a Huawei tem redirecionado o seu negócio para sectores estratégicos como os sistemas operativos, inteligência artificial e tecnologias de condução autónoma. A empresa tem reiterado que não irá produzir automóveis, mas já estabeleceu parcerias com diversos fabricantes chineses, oferecendo-lhes tecnologia avançada de software e IA.
Apesar da aparente neutralidade tecnológica, a exclusividade dos incentivos levantou críticas no mercado interno, onde os fabricantes competem num ambiente cada vez mais saturado, com margens reduzidas e batalhas de preços cada vez mais agressivas. Neste sentido, os subsídios podem representar uma vantagem desproporcional para marcas associadas à Huawei, num sector que o próprio governo central pretende ver mais consolidado e sustentável.














