Futuro híbrido para o desporto: «O interesse pelos treinos em casa irá continuar»
E se, através de uma só aplicação móvel, pudesse ter acesso a centenas de aulas, ginásios e espaços para a prática de exercício físico, em diferentes cidades de diferentes países? É isso mesmo que o Urban Sports Club propõe ao juntar pavilhões para jogos de futebol, piscinas, estúdios de dança, clubes de fitness, campos de ténis ou paredes para escalada na mesma app, disponíveis através de um modelo de subscrição.
Presente em seis países, o Urban Sports Club soma mais de 600 parceiros em Portugal, mais concretamente em Lisboa, Porto, Braga e Guimarães (com planos de expansão para mais destinos). Os utilizadores da aplicação podem optar por um dos quatro pacotes disponíveis, desde o S (130 locais em Lisboa, por exemplo, e quatro check-ins por mês) ao XL (com o máximo de parceiros, check-ins ilimitados, 30 aulas online em directo e duas massagens incluídas).
No fundo, é um clube desportivo digital que, tal como os restantes negócios do sector, se viu obrigado a repensar a sua actividade em tempo de pandemia. Pedro Martinho, senior Marketing manager do Urban Sports Club em Portugal, explica que «para os membros tudo se manteve igual, apenas o meio mudou», já que «as aulas passaram a ser online e em directo, sem gravações e com interacção entre alunos e instrutores».
Hoje, com a reabertura dos ginásios para a prática individual de desporto, o Urban Sports Club entra numa nova etapa, sem esquecer, porém, o caminho que percorreu nos meses de recolhimento. Para dar apoio a todos os subscritores em casa, melhorou a aplicação e desenhou novas ferramentas que serão úteis para os tempos de desconfinamento – como os filtros de desportos favoritos, calendário personalizado ou pesquisa de treinos com base na localização actual.
Pelo meio, o Urban Sports Club avançou ainda com um processo de rebranding, que resultou numa nova identidade virtual. Em entrevista à Marketeer, Pedro Martinho conta que esta mudança já estava a ser preparada há algum tempo mas que tinha sido adiada pela pandemia. No entanto, não quiseram esperar mais e o resultado já está visível nas plataformas da marca. Um dos principais destaques é o Unicon, símbolo que representa a comunidade do Urban Sports Club e que funciona como um emblema.
Quanto ao futuro do desporto, Pedro Martinho é claro: «Acreditamos que esta pandemia trouxe novos hábitos e todos os dados da indústria indicam que o interesse pelos treinos em casa irá continuar.» Acompanhe a conversa na íntegra:
Há quanto tempo existe o Urban Sports Club em Portugal? Como descrevem a evolução da aplicação desde então?
O Urban Sports Club está presente em Portugal desde 2019. Passámos por um período de adaptação/educação inicial, pois trazíamos um conceito totalmente novo e disruptivo que necessitava de uma adaptação ao nosso ecossistema local.
Rapidamente os portugueses perceberam a enorme mais-valia de ter uma subscrição única para praticar todos os desportos e, desde então, temos crescido de forma contínua e sustentada.
Acreditamos num mundo em que tod@s gostem de fazer desporto e movimentar-se. E temos trabalhado muito para que os portugueses tenham uma vida mais activa e saudável através de uma oferta altamente diversificada como a nossa. Tem sido, sem dúvida, esta a razão do nosso sucesso: simplicidade, variedade e quebra de rotinas.
Quantos utilizadores têm actualmente?
Estamos na ordem das centenas de milhar a nível europeu. A nível nacional, temos crescido de forma, diria até, surpreendente: somos o país fora da Alemanha com o maior nível de crescimento de membros.
Não revelamos números específicos por país porque o nosso conceito tem precisamente como base uma única subscrição europeia para a prática desportiva.
E quantos ginásios/espaços parceiros?
Temos mais de 600 espaços parceiros em Portugal e mais de 10.000 em toda a Europa. Isto inclui não apenas ginásios, mas parceiros de mais de 50 desportos e espaços de bem-estar: do surf ao yoga, passando pela equitação ou escalada.
Estão presentes em quantas cidades em Portugal? Têm planos de expansão?
Estamos presentes em Lisboa, Porto, Braga e Guimarães. Temos planos de expansão para outras cidades portuguesas que tenham massa crítica e espírito de aventura para ter um serviço de subscrição super diversificado como o nosso.
De que forma foram impactados pela pandemia?
De um dia para o outro, todos os nossos parceiros fecharam portas em toda a Europa. Com a nossa actividade 100% dependente da capacidade destes mesmos parceiros conseguirem manter as portas abertas, o impacto do confinamento fez com que tivéssemos que nos adaptar o mais rapidamente possível.
Em duas semanas, desenvolvemos dentro da nossa plataforma uma solução online de aulas em directo, mantendo assim muitos dos nossos parceiros no activo e os nossos membros a apoiar esses mesmos parceiros.
Para os membros do Urban Sports Club, tudo se manteve igual, apenas o meio mudou – as nossas aulas passaram a ser online e em directo, sem gravações e com interacção entre alunos e instrutores. Esta nova realidade trouxe consigo uma nova exigência digital a todas as empresas e à forma como estas se apresentam no mercado.
Com a reabertura dos ginásios, como é que o Urban Sports Club se está a preparar?
Estamos prontos para arrancar a 100% com todos os nossos parceiros, respeitando obviamente as regras de segurança impostas para a reabertura faseada dos espaços físicos desportivos. O nosso processo de check-in com leitor de código QR é também uma grande vantagem nesta “nova” realidade em que todas as ferramentas que não envolvem toque ganham outra relevância. O membro paga a subscrição da nossa aplicação e o parceiro recebe o valor do check-in directamente na sua conta.
Como acreditam que vai ser o mundo da prática desportiva pós-pandemia? O interesse pelos treinos em casa vai continuar?
Acreditamos que esta pandemia trouxe novos hábitos e todos os dados da indústria indicam que o interesse pelos treinos em casa irá continuar.
Acreditamos que vamos passar a viver num mundo desportivo híbrido, onde o online, o outdoor e as aulas presenciais vão passar a fazer parte da oferta dos espaços desportivos. E sabemos agora que essa procura também existe. No nosso caso, esta solução híbrida já está implementada e todos os nossos parceiros e membros têm acesso à mesma.
Passaram recentemente por um processo de rebranding. O que ditou esta aposta?
O Urban Sports Club foi fundado em Berlim em 2012 e a identidade da marca manteve-se praticamente inalterada desde então. Com o crescimento exponencial que tivemos nos últimos anos, chegando mesmo ao chamado “hypergrowth” no mundo das startups, e com mais de 500 colaboradores, decidimos avançar com um rebranding. Neste sentido, a implementação da nossa nova marca estava planeada há já muito tempo, mas a pandemia decidiu trocar-nos as voltas. Agora que vemos novamente uma luz ao fundo do túnel, sentimos que chegou o momento certo para avançar para o futuro com uma nova imagem.
Como descrevem a nova marca?
No centro da nossa nova identidade visual está o nosso novo símbolo – chamamos-lhe Unicon. A sua forma de brasão simboliza a ligação à comunidade do Urban Sports Club.
Queremos criar uma identidade visual que inspire as pessoas a fazer parte do nosso movimento e de um mundo em que todos gostem de fazer desporto e em que todos o possam fazer, independentemente da sua condição física.
Corpos diferentes, estilos diferentes, idades diferentes, todos têm o direito de praticar exercício físico, independentemente dos objectivos traçados. Temos feito um caminho para desmistificar os complexos que ainda existem em torno da prática de desporto e democratizar o seu acesso. Somos uma comunidade e queremos que ela seja cada vez mais inclusiva. O Urban Sports Club quer construir um mundo onde todos os que queiram movimentar-se possam fazê-lo: onde, como e quando quiserem.
Texto de Filipa Almeida