EasyJet quer democratizar o destino Sal

Texto M.ª João Vieira Pinto, na Ilha do Sal

«Queremos democratizar o destino Sal, à semelhança do que fizemos com a Madeira.» As palavras são de José Lopes, director-geral da easyJet Portugal, segundo o qual os primeiros voos da companhia a partir de Lisboa e Porto para a África Ocidental poderão vir a ajudar a combater a sazonalidade e incrementar o tráfego de passageiros, assim como o negócio no mercado português. Um mercado, até à data, maioritariamente de inbound, mas onde a easyjet pretende começar a equilibrar a saída/transporte de passageiros portugueses para outros destinos.

Este ano, o crescimento da companhia aérea em Portugal deverá rondar os 2%, com um transporte total a ultrapassar os 10 milhões de passageiros. «Foi um volume que nos permitiu começar a fazer este tipo de apostas», a pensar no consumidor português, confirma José Lopes, segundo o qual «depois de Porto Santo, este era o destino lógico que fazia sentido democratizar.»

Para o director-geral da easyJet Portugal trata-se mesmo de «um momento histórico», como diz, já que é a primeira vez que toda a network voa para a África Subsariana. De resto, este era um mercado já identificado há vários anos pelo seu «elevado potencial», mas só desde há dois é que as negociações começaram a seguir os respectivos trâmites para que o mesmo se concretizasse.

Em conversa com a Marketeer, José Lopes confere que esta era uma ambição de há anos, sendo que o “namoro” mais sério vinha a decorrer desde 2022. Agora, a ideia é baixar preços e levar até ao destino africano não só mais turistas como outro tipo de turistas.

O primeiro voo da easyJet de Portugal para Cabo Verde aterrou oficialmente na Ilha do Sal no passado dia 29, com 186 passageiros a bordo. À saída houve bolo. À chegada houve música e a presença de toda uma comitiva ministerial que quer garantir que a operação que, para já, se vai manter até ao Verão de 2025, se estenda por mais anos e se alastre a outras ilhas.

«Por ano, em Cabo Verde estamos, para já, a colocar 120 mil lugares», revela o director-geral, enquanto adianta que se irá continuar a avaliar e analisar, tendo em conta, em particular, a falta de capacidade dos aeroportos de Lisboa e Porto, ou não tivessem estes voos implicado a reorganização de slots para que os mesmos acontecessem. «O nosso objectivo, como empresa, é atingir os mil milhões de euros de lucro para o acionista. Hoje voamos mais 60% do que voávamos antes da pandemia e temos que começar a dar retorno ao investimento, pelo que o Inverno é fundamental. E Cabo verde encaixa bem nesta estratégia. A easyjet tem mais aviões a chegar que nos permitirão reforçar o crescimento. Até lá, vamos fortalecendo a nossa presença no mercado. Mas o que queremos é ser a companhia preferida dos portugueses», adianta.

De recordar que a companhia aérea anunciou o lançamento desta nova rota para a ilha do Sal a partir de Lisboa e Porto, já em Maio, e disponibilizou cerca de 50 mil lugares para a época de Inverno. Agora, confirmou que vai prolongar a operação até ao Verão do próximo ano, com quatro frequências semanais (terças, quartas, quintas e aos sábados) a partir de Lisboa e duas (quartas e sábados) a partir do Porto., sendo que, depois de Marrocos, a Ilha do Sal é o ponto mais a sul para o qual a companhia voa, até ao momento.

À chegada do primeiro voo Lisboa-Sal, o ministro do Turismo e Transportes de Cabo Verde, Carlos Santos, aproveitou para voltar a sublinhar que em causa está «a inauguração de uma nova era do turismo em Cabo Verde, pois, a entrada do operador easyJet, um dos maiores operadores na Europa do regime low cost, vai contribuir para trazer uma clientela com perfil completamente diferente, significando com isso um incremento da procura, que irá implicar, inevitavelmente, a adaptação do mercado, ou seja, uma maior diversificação da oferta e que vai permitir com que muitos dos empresários locais consigam desenvolver os seus negócios e investimentos devido a esse perfil de turista diferenciado que passará a chegar a Cabo Verde.»

Depois deste, a companhia aérea tem identificados outros destinos estratégicos, em Africa e na Europa. «Estamos constantemente a reavaliar o nosso portefólio», confere José Lopes, acrescentando que em termos de aeronaves a easyJet é a companhia aérea melhor posicionada para crescer não só por ter Airbus a chegar, mas porque esses mesmos aviões irão permitir um crescimento orgânico ao substituírem os mais pequenos – como A319 – por maiores – A320 e A321 e passarem de 156 para 186 ou 235 passageiros. Ou seja, mesmo com os actuais slots o crescimento continua a ser possível.

 

 

Artigos relacionados