É necessário implementar formas alternativas de ensino
Vivemos tempos de absoluta incerteza, estamos perante uma crise sem precedentes tanto a nível económico como humanitário. Mas, enquanto o mundo se transforma e procura uma solução, existe algo que nos preocupa a todos: a Educação, um direito fundamental de todas a crianças.
Dados oficiais apontam que quase 1,6 mil milhões de alunos ficaram privados do acesso às escolas e a universidades em todo o mundo, o que representa quase o 90% da população estudantil mundial. Como podemos então compensar esta lacuna que surge como consequência da pandemia Covid-19? Como podemos garantir que o futuro destas crianças e jovens e o futuro da sociedade moderna não sofra danos irreparáveis com a estagnação?
Diferentes estratégias estão a ser criadas e definidas, por diferentes governos e organizações, em vários países, mas aquilo que sabemos é que uma rotina de aprendizagem deverá estar presente o quanto antes. É necessário reflectir sobre a responsabilidade de todos os intervenientes, melhorar o entendimento e a necessidade de eliminar por completo o intervalo de oportunidades, garantindo assim que todas as crianças têm a mesma possibilidade de obterem uma educação de qualidade. É necessário implementar de forma regular e consistente, formas alternativas de ensino, através de meios digitais, reinventar e dar prioridade às formas de acesso à educação a partir de casa, para mitigar o retrocesso na educação de todos os alunos.
O desenvolvimento de capacidades e os benefícios da aprendizagem autodidacta, como acontece, por exemplo, no método criado por Toru Kumon, nos anos 60, ajudam na criação de rotinas de trabalho, e permitem às famílias darem continuidade à sua vida, sem colocar em causa a educação dos seus filhos, reduzindo os níveis de stress, aumentando a sensação de segurança, melhorando a autoestima, o reconhecimento e a aquisição de responsabilidades.
Actividades em família como ler, brincar, fazer exercício físico adaptado e conviver são fundamentais para as nossas crianças continuarem a desenvolver interesse pelo conhecimento, exercitando a memória, melhorando a atenção e concentração, alargando o vocabulário para poderem promover o desenvolvimento cognitivo e o pensamento crítico, sendo o contexto familiar o lugar onde devemos assegurar as oportunidades necessárias para poder dar lugar a tudo isto.
Neste sentido, a leitura toma um papel protagonista. Estimula a imaginação, alarga o vocabulário e desenvolve a compreensão leitora, tão necessária para o raciocínio. Brincar, dançar, conversar, cozinhar… o tempo lúdico é imprescindível, mas assim também a rotina de leitura entre outras actividades académicas.
As diferentes temáticas que podemos abordar através dos livros, ampliarão a nossa visão do mundo, dos outros, de nós próprios e das diferentes formas de reagir perante uma situação. Em consonância com a fluidez leitora, a idade da criança e os gostos de cada um dos nossos filhos, poderemos escolher entre diferentes géneros literários.
Em tempo de videochamadas, desafiamos os mais jovens a usarem o poder do livro para se aproximarem dos seus familiares, para ler um poema, uma história, um conto que nos ajude a transportar fora do contexto provocado pelo Covid-19. É uma boa estratégia para nos ajudar a nós e aos nossos familiares e amigos a combater o stress, a ansiedade, a tristeza e a solidão que podem surgir nesta situação de isolamento. E quem melhor para fazer isso que as crianças e jovens. Escolham o seu livro, é só começar….
Manuel Couto, Coordenador Kumon Portugal