Da natureza ao copo: sabe quanto vale o seu vinho?

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Na origem estão as inconstantes campanhas de produção, ameaçadas pelas alterações climáticas, as mudanças no perfil dos consumidores; e uma variação de paradigmas de hábitos geográficos que criam novos cenários para os decisores nas empresas. O ano de 2018 fica marcado por uma quebra na produção de vinho – apesar da recuperação qualitativa das uvas – com previsões a dar conta de uma colheita total de apenas 5,3 milhões de hectolitros, menos 22% do que no ano passado (segundo dados da Organização Mundial da Vinha e do Vinho). A responsabilidade é atribuída às condições meteorológicas sentidas na Primavera, que foi propícia ao desenvolvimento de doenças na vinha e que, em alguns casos, provocou a quebra total na produção. Estes dados preocuparam as instituições portuguesas, que enfrentam a produção mais baixa do milénio, em contraciclo com o resto da Europa.

São muitos os agentes, nacionais e internacionais, que estão a estudar o tema das alterações climáticas e a perceber de que forma podem evitar, ou minimizar, os seus efeitos nefastos. Os produtores estão unidos e têm partilhado conhecimentos e experiências. É o caso do projecto WineClimAdapt, um estudo a cinco anos. O objectivo é encontrar técnicas que permitam a implementação de uma agricultura preventiva, capaz de resistir à imprevisibilidade dos próximos anos; trabalhar castas mais resistentes; efectuar diagnósticos dos solos e tratamentos prévios para potenciar a sua fertilidade, ou catalogar o ADN de castas e vinhas velhas para a replantação. Outro exemplo é o do Porto Protocol e do Climate Change Leadership, que trouxeram Barack Obama a Portugal e têm vindo a unir agentes no objectivo comum de fazer face aos novos desafios climáticos. A aposta incontornável nesta nova forma de pensar a agricultura, com custos cada vez mais elevados para os produtores, é reflectida nos preços de venda às cadeias de distribuição e, por último, nos de venda ao público. Por esse motivo, é fundamental informar, com transparência, o consumidor, que terá de pagar mais pelo vinho de sempre – já que, ainda que a produção esteja em quebra, a elevada qualidade dos vinhos portugueses não está comprometida. A alternativa a novas fórmulas de preço e apresentação das marcas é uma perda de qualidade, que travará o destaque dos vinhos portugueses noutros mercados.

Para isso, é necessário transmitir a informação correcta, apostando numa política de preços justa e coerente, evitando a especulação, luta pelo lucro e campanhas de descontos tão frequentes nas grandes superfícies comerciais. Sem isso, o consumidor vai ficar refém das rebaixas de preços, prejudicando o negócio para o sector e a sua sobrevivência a longo e médio prazo, já que será sempre o principal contribuinte para o desenvolvimento sustentável. A qualidade da formação é outro pilar, que nalgumas regiões tem mostrado resultados francamente positivos. Acredito que o programa Expertise in Wine Management, inserido na formação executiva do ISAG – European Business School, é um bom exemplo de como deve ser a preparação dos agentes profissionais e dos consumidores. O curso pretende oferecer uma visão integrada, desde a viticultura à entrega ao consumidor; e essa visão é proporcionada por profissionais com experiência e competência em cada uma das áreas-chave do negócio. Trata-se de um curso executivo, em regime pós-laboral, dirigido a profissionais do sector que pretendam aprofundar conhecimentos em áreas complementares, a enófilos ou estudantes que se preparam para ingressar nesta área. Tudo isto com o objectivo de fornecer agentes capazes de fazer prosseguir o crescimento e a competência do sector vitivinícola português.

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