Bebés: Introdução precoce de alimentos sólidos é prejudicial à saúde

Um estudo realizado por investigadores da Universidade norte-americana Johns Hopkins constatou que bebés que iniciaram o consumo de alimentos sólidos aos três meses ou antes mostraram alterações nos níveis de bactérias intestinais e subprodutos bacterianos, designados por ácidos gordos de cadeia curta.

Estudos anteriores já tinham associado a introdução precoce de alimentos sólidos a uma maior probabilidade de excesso de peso na infância. Agora o novo estudo, publicado no BMC Microbiology Journal, sugere que a introdução precoce de alimentos sólidos pode originar predisposição dos bebés para o excesso de peso devido a alterações na flora bacteriana intestinal.

“A forma como a introdução precoce de alimentos sólidos pode causar o desenvolvimento posterior de obesidade é desconhecida, mas nossas descobertas sugerem que rupturas nas bactérias intestinais podem ser uma explicação possível”, afirma Noel Mueller, professor assistente do Departamento de Epidemiologia da Universidade Johns Hopkins e um dos investigadores deste estudo.

As associações de pediatras geralmente recomendam que os bebes sejam exclusivamente amamentados durante os primeiros quatro a seis meses, após os quais os alimentos sólidos devem ser introduzidos como um complemento ao leite materno ou à fórmula do leite. Outras pesquisas realizadas anteriormente indicam que o momento da introdução de alimentos sólidos pode influenciar as probabilidades de as crianças virem a desenvolver alergias alimentares, asma e febre do feno.

Para realizar este estudo, a equipa de investigadores seguiu 67 bebés durante o seu primeiro ano de vida, entrevistando as mães a cada três meses sobre a dieta das crianças. Durante o estudo foram também periodicamente recolhidas amostras de fezes para análise da flora bacteriana.

Noel Mueller conclui que, no geral, as descobertas são consistentes com as evidências emergentes de que as alterações no microbioma intestinal são factores-chave no desenvolvimento de condições metabólicas e imunológicas comuns e sugerem que os investigadores estão no caminho certo ao estudar essas mudanças. De resto, os autores deste estudo realçam ainda a importância de se fazerem mais pesquisas para determinar se a concentração de ácidos gordos de cadeia curta realmente impulsionam o desenvolvimento da obesidade e outros distúrbios.

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