Portugueses estão a consumir mais!
O consumo dos portugueses apresenta um aumento de 0,5 por cento nos primeiros meses de 2014 em oposição ao decréscimo de 1,5 por cento registado em 2013.
A Kantar WorldPanel, empresa analista de painéis de consumidores, revelou hoje num encontro com jornalistas, os resultados dos primeiros meses de 2014 onde se registou um aumento de 0,5 por cento no consumo dos portugueses. A evolução do PIB e uma melhoria no índice de confiança motivaram esta recuperação, que antevê um ano com algumas melhorias face a 2013. O último ano registou uma queda de 1,5 por cento no volume de consumo dos portugueses.
Os primeiros seis meses de 2013 registaram um decréscimo de 3,7%, valor justificado pelos impactos macroeconómicos no consumo, como anúnicios de austeridade ou os número do desemprego. O segundo semestre registou um aumento de 0,5%, o que traduz a dificuldade em fazer previsões para 2014. «A maior parte dos consumidores reage consoante as medidas políticas e económicas. Torna-se difícil prever o comportamento do consumidor», refere Sónia Antunes, directora geral da Kantar WorldPanel Portugal.
No que diz respeito aos hábitos de consumo, os números da Kantar WorldPanel apontam para um aumento do número de idas aos super e hipermercados em 1,2 por cento. Em oposição regista-se um decréscimo de 3,2 por cento no tamanho médio da cesta de cada consumidor, cifrando-se nos 76 euros, com o sector dos produtos frescos a representar 40 por cento da factura total. Significa isto que os portugueses vão mais vezes às lojas mas compram em menos quantidade. «Fazer grandes cestas pode não compensar para muitos porque pode aparecer uma boa promoção na semana seguinte», realça Sónia Antunes.
O ano de 2013 registou a quota mais baixa de discounts de sempre nos últimos anos. Este motivo deve-se à presença de mais 21 por cento de clientes da classe baixa presentes nos discounts, tendo sido este o target mais afectado pelas medidas de austeridade. Ainda assim, os portugueses fizeram questão de aproveitar algumas promoções. Segundo os dados, 91 por cento dos portugueses adquiriu artigos com preço especial, isto é, com desconto directo, não havendo qualquer referência ao preço anterior do produto. As promoções que ofereciam mais quantidade do produto foram obtidas por 83% dos portugueses e as campanhas “leve 2 pague 1” aliciaram 77 por cento dos consumidores. Os principais artigos em promoção foram as cervejas, iogurtes e detergentes para a máquina de roupa. Estas promoções correm o risco de levar o consumidor a comprar apenas em período de promoções. No caso das cervejas, seis por cento comprou apenas em promoção e levou menos quantidade.
No que respeita à fidelização dos portugueses às cadeias de super e hipermercados, o Continente lidera a preferência dos portugueses, com 35,2 por cento do consumo anual dos portugueses. Seguem-se o Pingo Doce, com 23,9 e o Lidl, com 14,6. A empresa da Jerónimo Martins foi a que mais se destacou no último ano, registando mais dois por cento de compradores face a 2012, tendo recrutado 130 mil novos lares. Ainda assim, foi a insígnia que apresentou uma maior redução com a marca do distribuidor, passando de 61 por cento em 2012 para 54 por cento em 2013.
Crescimento das compras online
O ano de 2013 registou um aumento no consumo de produtos de grande consumo através da Internet. Dos 22 por cento dos consumidores que fazem compras online de forma regular, sete por cento realiza compras de grande consumo recorrendo à Internet. A média da cesta dos compradores virtuais ascende aos 122 euros, mais 2,4 por cento face a 2012. Em comparação com os mercados do Reino Unido e francês, Portugal apresenta as maiores taxas de entrega ao domicílio, cifrando-se entre os seis e os dez euros. Quanto ao drive, a recolha dos produtos na loja após a compra, Portugal é o único país que cobra por esse serviço, entre dois e três euros.
Apesar do aumento das compras online, este hábito de consumo apenas representa um por cento do volume total de compras de grande consumo.
Estratégias para 2014
Com os primeiros meses do ano a revelarem um cenário positivo, é necessário adoptar estratégias que permitam seguir este rumo. A maximazação do consumo e o ajustamento do retalho aos novos perfis de comprador são tidos como essenciais. Quanto ao último, a percentagem de lares com uma ou duas pessoas entre os 34 e os 49 anos representa 17,1 por cento do total. Este é um novo perfil que gosta cada vez menos de estar na loja e, como realça Sónia Antunes, «novos perfis originam novas necessidades» pelo que algumas das novas medidas deverão passar por explorar este novo segmento.
Texto de Rafael Reis