A expressão “sentirmo-nos bem na nossa pele” pode afinal ter uma base mais literal do que imaginávamos. Um novo estudo publicado no British Journal of Dermatology aponta para uma ligação directa entre a saúde da nossa pele, mais especificamente da sua microbiota, e o nosso bem-estar psicológico.
A chamada “neurocosmética” é uma tendência em ascensão no sector da beleza e dos cuidados pessoais. O conceito baseia-se na ideia de que cuidar da pele não serve apenas fins estéticos, pode também ter efeitos significativos na saúde mental. E agora, a ciência parece estar a acompanhar essa tendência com dados concretos.
No estudo em causa, investigadores analisaram o microbioma cutâneo de 53 adultos, abrangendo zonas como o rosto, couro cabeludo, antebraço e axilas, e realizaram avaliações psicológicas para medir níveis de stress, qualidade do sono e estado de espírito geral. Os resultados revelaram uma potencial correlação: certas bactérias da pele, como o Cutibacterium acnes, tradicionalmente associadas ao acne, podem estar ligadas a um menor nível de stress e a estados de humor mais positivos.
Os autores do estudo destacam que “a presença aumentada de Cutibacterium no rosto e nas axilas esteve associada à redução do stress, enquanto a sua presença acrescida nas axilas esteve ligada a um aumento da sensação de bem-estar emocional.”
Ainda que a investigação esteja numa fase preliminar e exija validação adicional, o potencial da ligação entre microbioma cutâneo e saúde mental está a despertar o interesse de investigadores e marcas. O eixo pele-cérebro, como é frequentemente chamado, poderá vir a transformar a forma como olhamos para os cuidados da pele.












