As redes sociais e as crianças
Internet e redes sociais. Duas constantes do actual mundo digital com as quais as pessoas se cruzam diariamente. Assim como as crianças. E é quase inevitável que desde cedo, os mais novos contactem com tecnologia; aliás, qualquer criança de dois/três anos que consiga ter acesso ao smartphone de um dos pais, é capaz de manuseá-lo sem qualquer tipo de explicações sobre o seu funcionamento, assim como rapidamente descobre quais as aplicações que mais lhe interessam. Regra geral, adoram o YouTube quando são mais pequenos porque podem ver, de forma contínua, vídeos dos seus desenhos animados favoritos e o Facebook quando estão já integrados no ambiente escolar.
E é exactamente pela inevitabilidade de contacto com o mundo web, que se torna crucial ensinar aos mais novos os riscos que correm cada vez que abrem o browser para navegar. A primeira regra de ouro: uma vez publicado na Internet, para sempre registado na Internet. A criança terá de ter esta regra em mente sempre que pretender partilhar alguma coisa com a comunidade online. É importante consciencializar a criança para este facto, até porque uma vez assimilado, será mais fácil compreender e cumprir outras formas de protecção. Por exemplo, nunca publicar o seu nome completo e morada, revelar o estabelecimento de ensino que frequenta, a data de nascimento ou aceitar amizade de pessoas que não conhece pessoalmente.
Mas estes riscos todos conhecemos, até porque são válidos também para os adultos. O controlo parental e a colocação do computador da criança num local “público” da casa são outras medidas que ajudam os pais a fazer um acompanhamento e supervisão da utilização da tecnologia e navegações no mundo web. E estas são medidas cruciais para minimizar a exposição dos mais novos aos riscos que o admirável mundo online encerra em si.
Mas já pensou que as redes sociais podem influenciar o desenvolvimento social e emocional do seu filho? A maturidade emocional desenvolve-se no relacionamento entre pessoas que está inserido num determinado ambiente sociocultural. As redes sociais não implicam o desenvolvimento de capacidades sociais, apesar do nome referente à socialização. Não implica também que tenhamos de dominar competências comunicacionais; aliás, fazemos uma publicação, os amigos respondem, mas não temos contacto visual com a primeira reacção dos nossos amigos ao que publicámos.
Perdemos, por isso, todas as mensagens incluídas na linguagem corporal. Ora, se as crianças limitarem a sua socialização às redes sociais perdem a percepção de si próprias, não desenvolvem competências comunicacionais para relações directas e podem percepcionar, de forma errada, as pessoas que consideram como amigos.
Por outro lado, o consumo excessivo de redes sociais limita a criança enquanto ser humano porque ao não envolver contacto directo e pessoal com outras pessoas, não oferece as condições necessárias ao desenvolvimento do diálogo e partilha de emoções e experiências. O resultado traduz-se em crianças que não estão atentas ou não percebem o que sentem, assim como também não desenvolvem empatia pelos seus semelhantes.
Estas considerações são tão importantes que várias organizações têm efectuados estudos e pesquisas para ajudar os pais a fornecer aos filhos as melhores ferramentas para aliarem o mundo digital ao real. Por exemplo, a organização norte-americana Legacy Health Endowment disponibilizou online um guia, com o objectivo de ajudar os progenitores a perceber o uso que os filhos dão às redes sociais e qual o impacto que estas podem ter no desenvolvimento das crianças.
Neste guia, os pais podem perceber quais os riscos associados a redes sociais e aplicações bastante populares, como o TikTok, Snapchat, Facebook, Instagram, YouTube, entre outras. O guia fornece uma visão geral de cada uma destas aplicações, explica aos pais o que devem observar e dicas explícitas de como podem melhorar a segurança e protecção das crianças.
Mais tarde ou cedo, as crianças vão dar início à sua existência online. É inevitável que tal aconteça. Mas, quando o fizerem, devem contar com o acompanhamento e supervisão dos pais para que a exposição aos riscos seja a menor possível. Tal como aconteceu quando o seu filho começou a andar, foi pela primeira vez ao parque, aprendeu a andar de bicicleta… Esteve sempre por perto a acompanhá-lo, não foi?
Por Mónica Marques