São nomes incontornáveis da cultura pop e brindaram Lisboa com um concerto especial no Coliseu dos Recreios, integrado nas celebrações de aniversário da M80. Entre o entusiasmo do público português e memórias de quase cinco décadas de carreira, os Village People fizeram o público dançar e cantar aos sons das suas músicas.
Depois, houve tempo para falar com a Marketeer sobre o impacto da sua imagem, o “YMCA” que se transformou num hino e sobre o que ainda têm para dar quando Victor Edward Willis, o único integrante original da banda, já conta com 73 primaveras.
Segundo os próprios, foi uma noite para recordar. “O público foi muito bom. Pareciam estar a divertir-se muito e nós também gostámos de atuar”, conta Willis, porta-voz da banda, à Marketeer pouco depois do espetáculo. Apesar de alguma incerteza cronológica, o grupo confirma que já tinha passado por Portugal anteriormente. “Estivemos cá há alguns anos… Não me lembro exatamente, mas eles sabem quem nós somos. O público foi ótimo”, recorda o vocalista.
Quanto à imagem, não é por acaso que os Village People se tornaram um fenómeno. Com personagens marcantes, desde o polícia ao trabalhador da construção civil, o grupo construiu uma identidade tão forte quanto a sua música, mesmo que apenas Willis se mantenha do grupo original. “Tirando o meu uniforme de polícia, os personagens foram criados pelo meu ex-parceiro de escrita francês. Ele foi a uma festa de Halloween em Nova Iorque e viu pessoas vestidas de cowboy, operário, militar, índio… Foi assim que nasceu a ideia dos trajes. Eu decidi que queria ser o polícia”, explicou o artista.
Ao longo dos anos, os Village People foram convidados para inúmeras iniciativas. Mas há uma que se destaca: “A maior honra foi termos atuado na cerimónia de posse do último presidente [Donald Trump]. Foi uma das maiores conquistas da nossa carreira.” Além disso, a banda tem sido constantemente reinterpretada, homenageada e referenciada por outros artistas. “Os Pet Shop Boys fizeram isso em Inglaterra, e até os Rolling Stones se deixaram inspirar por nós numa música chamada ‘Our Mission’. É uma honra quando outros artistas fazem versões da tua música ou criam algo novo a partir do que ouvem em ti”, assume Willis.
Perguntar pela maior herança dos Village People é quase redundante. A resposta vem com a naturalidade de quem vive com um dos maiores hinos da música mundial. “É o YMCA. Toda a gente conhece. Não há discussão possível”, dizem, com um sorriso no rosto. E será possível tornar a canção ainda maior? “Não penso que se possa tornar maior. É uma canção que escrevi a letra e que continua a ser apreciada em todo o mundo mesmo depois de 46 anos. Ela atravessa gerações.”
Mesmo com décadas de estrada, o grupo não dá sinais de querer abrandar. Segundo o vocalista de 73 anos, há novos projetos na calha e vontade de continuar a atuar. “Estamos a trabalhar em novos álbuns e queremos que o público continue a desfrutar da nossa música. É o melhor que podemos fazer”, conta o também compositor. Quanto à rápida passagem por Lisboa, lamentam não poder ficar mais tempo: “Foi uma viagem muito rápida. Partimos amanhã de manhã.”
Apesar da curta visita, tal não impediu que deixassem uma marca na capital ou que reafirmassem o que há muito sabemos: os Village People continuam a ser, mais do que uma banda, um fenómeno cultural que sabe, como ninguém, pôr uma sala inteira a dançar ao som de “YMCA” com a coreografia que tem passado intocável de geração em geração.