Web Summit: empreendedores são novas estrelas de rock

A dois dias do arranque do Web Summit, o número exacto de pessoas registadas era 53.056. Hoje, grande parte delas dirigiu-se ao Parque das Nações para assistir ao arranque do evento e testemunhar um momento inédito para Lisboa. No entanto, nem todos conseguiram garantir um lugar dentro do Meo Arena. Segundo Paddy Cosgrave, CEO do Web Summit, cerca de três mil pessoas tiveram de ficar do lado de fora, a assistir através de um ecrã gigante.

Há seis anos, quando a primeira edição do Web Summit teve lugar em Dublin, apenas 400 pessoas estavam presentes. Face ao ano passado, o número de participantes deste ano é duas vezes superior. Se considerarmos os detentores de bilhetes diários com acesso apenas ao palco principal e também os visitantes que irão apenas aos eventos nocturnos, o número total de participantes sobe para aproximadamente 72 mil pessoas.

De Portugal, chegam cerca de 7800 pessoas, incluindo 239 startups em exibição, 170 investidores e mais de 30 parceiros. Na noite de abertura, esteve presente também António Costa que descreveu Lisboa como a capital do empreendedorismo durante os dias em que o Web Summit ocupa a cidade. O primeiro-ministro de Portugal referiu ainda que espera que o evento possa ajudar Portugal a ser visto como um local para investimento estrangeiro mas também a acelerar a implementação de políticas públicas que fomentem o empreendedorismo interno.

No primeiro painel da noite, composto por Durão Barroso (Goldman Sachs), Roberto Azevedo (World Trade Organization) e Mogens Lykketoft (United Nations) discutiram-se as novas realidades, numa espécie de contextualização para as dezenas de sessões e palestras que se realizarão ao longo dos próximos três dias. Durão Barroso, ex-presidente da Comissão Europeia, considera que a União Europeia está mais resiliente do que se pensa e critica uma cultura de pessimismo que diz o contrário. O responsável afirmou ainda que questões como o Brexit e a eventual vitória de Donald Trump nos EUA são exemplos de um desafio enorme que todos tempos pela frente: combater uma corrente anti-globalização que quer países virados para si próprios e não para o mundo.

Roberto Azevedo concorda com esta ideia e garante que o proteccionismo não é solução. O director-geral da Organização Mundial do Comércio avançou que oito em cada 10 novos empregos estão ligados à tecnologia e que não se pode lutar contra isto. Como consequência, vários postos de trabalho vão ser eliminados mas fechar as portas ao progresso não pode ser sequer equacionado.

A encerrar a noite, já depois de Paddy Cosgrave ter recebido a chave da cidade de Lisboa pelas mãos de Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, chega a afirmação de que os empreendedores são as novas estrelas de rock. João Vasconcelos, secretário de Estado da Indústria explicou que se dirige ao Meo Arena habitualmente para ver espectáculos de música mas que, graças ao Web Summit, este espaço ganhou novas “rock stars”.

Texto de Filipa Almeida

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