Web Summit: Como será o consumo de media nos mercados emergentes?

O acesso à tecnologia será cada vez maior, em particular nos países em desenvolvimento. Tal irá gerar uma transformação cultural que, afirmou Mark Britt, co-fundador e CEO da plataforma de video-on-demand iflix, trará consigo novos desafios.

«No futuro, a classe média receberá cerca de três mil milhões de pessoas oriundas de países em desenvolvimento. Estas terão mais poder de compra e passarão a assumir tecnologias e a criar novos hábitos de consumo. O desafio será criar os melhores conteúdos para pessoas que nunca tiveram acesso a dispositivos electrónicos», sublinha Mark Britt. O mesmo, juntamente com David Bonderman, founding partner e chairman da TPG, e Rick Hess, fundador e co-managing partner da Evolution Media Partners, estiveram presentes no debate “Appointmente to view – The future of Media, Entertainment & Investment” no Web Summit 2016,  que decorre em Lisboa.

O responsável refere ainda que, a propósito do armazenamento de conteúdos, o streaming de vídeos fará cada vez mais sentido. Isto porque não se justifica que estes passem pelo processo de descarregar e guardar conteúdos nos seus dispositivos. «Os países com mais dificuldades tecnológicas vão crescer a um ritmo mais elevado que os países desenvolvidos. A título de exemplo, existem monges na Tailândia com velocidades de Internet superiores a de habitantes na Austrália». E isto terá peso no consumo de conteúdos. «Eu assisto ao dobro dos programas a que assistem os meus pais mas os meus filhos consomem o dobro dos conteúdos a que eu assisto», acrescenta Mark Britt.

Outra das temáticas consistiu no futuro das operadoras telefónicas e na possibilidade do seu modelo de negócio chegar a um fim. «O acesso à Internet substituirá a necessidade de ter saldo para fazer chamadas. E existem diversos exemplos, nomeadamente através do Skype. A questão será como fazer como que o consumidor pague por um determinado serviço quando há cada vez mais alternativas ao mesmo [grátis, neste caso]», vinca David Bonderman.

Por último, o chairman da TPG vinca que os canais de distribuição são cada vez mais, o que obriga a novos desafios. «Antigamente, quase todos viam os mesmos conteúdos, o que deixou de acontecer. De consumidor para consumidor, os interesses são cada vez mais variados. Mas, felizmente, existe uma capacidade cada vez maior para disseminar ideias que se traduzem num aumento de conteúdos, capazes de agradar a todo o tipo de públicos», sublinha.

Texto de Rafael Paiva Reis
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