Vila Nova de Gaia cria museu de água ao ar livre

A partir de agora, é possível conhecer Vila Nova de Gaia de uma forma (no mínimo) diferente: através da água. O projecto “Rota da Água”, que já está em funcionamento, apresenta alguns pontos de interesse espalhados pelo concelho, guiando os visitantes através de sete rotas junto à água – não só nas praias, como no interior do concelho e nas margens do Douro.

Criado pela Águas de Gaia – empresa municipal que se dedica à gestão do ciclo urbano da água no concelho, mas também tem a seu cargo a manutenção e gestão da orla marítima e das zonas fluviais -, a “Rota da Água” apresenta-se como «o maior Museu da Água e Centro de Educação Ambiental de Portugal», garante a empresa. Para já, estão disponíveis duas das sete rotas do projecto.

Através de um smartphone, o utilizador pode percorrer vários pontos dispersos pelo concelho (após a leitura de um QR Code), ficando a conhecer alguns pontos de interesse, como a capela do Senhor da Pedra, o Geossítio de Lavadores, as pontes, os rios, entre outros. A utilização pode ser livre (através de um áudio guia) ou em visita guiada.

Em entrevista à Marketeer, Miguel Lemos Rodrigues, administrador executivo da Águas de Gaia, explica o projecto e a forma como permitirá valorizar a oferta turística da região.

Miguel Lemos Rodrigues, administrador executivo da Águas de Gaia

“Rota da Água” é um projeto de turismo-ambiente que levará a conhecer o concelho de Vila Nova de Gaia através da água. Como surgiu este projecto e com que objectivos?

O ambiente, a sustentabilidade e a educação ambiental fazem parte do ADN da Águas de Gaia. O projecto “Rota da Água” apresenta-se como um grande Museu da Água e Centro de Educação Ambiental ao ar livre e junta natureza, cultura, história e património. Já tínhamos, no passado, lançado algumas iniciativas, como, por exemplo, um site dedicado à orla marítima e a sua oferta e uma aplicação da ribeira do Espírito Santo. Com o lançamento da “Rota da Água” decidimos descontinuar esses dois projectos e juntar tudo neste novo projecto de turismo-ambiente.

Como estará estruturado este projecto e que tipo de experiências é que os turistas poderão vivenciar?

Como a água é vida e está em todo o lado, a “Rota da Água” de Gaia é um convite à descoberta da natureza e do património através de vários percursos ao longo de todo o concelho que proporcionam aventuras inesquecíveis para todas as idades, tendo sempre a água como guia.

O projecto está divido em sete rotas: Rota do Atlântico, Rota da Ribeira do Espírito Santo, Rota das Cinco Pontes, Rota dos Areinhos, Rota do Rio Febros, Rota do Rio Uíma e Rota das Infra-estruturas do Ciclo Urbano da Água. Ao longo das várias rotas, encontramos várias placas. Cada placa tem um QR Code específico que, com recurso a um smartphone, “transforma” o telemóvel num audioguia (com áudio em português, espanhol e inglês), tal como se estivéssemos num museu, e que revelará factos interessantíssimos, desde a história do local ao desvendar da fauna e flora. Será ainda conhecer curiosidades como, por exemplo o facto de Sophia de Mello Breyner lá se ter inspirado para algumas das suas obras!

As rotas podem ser feitas por meios próprios ou, se o visitante o desejar, utilizando gratuitamente as bicicletas e tuk-tuks que disponibilizamos.

Neste momento estão “abertas” duas rotas, a do Atlântico e a da Ribeira do Espírito Santo. Nos próximos dias, iremos disponibilizar mais duas das sete rotas definidas.

Quantas pessoas esperam que possam conhecer e visitar a “Rota da Água” já este ano?

Estamos com muita expectativa, porque nos primeiros dias tivemos muitas marcações e julgamos que, com o aumento da visibilidade deste produto e com a abertura de mais rotas, possamos de facto atingir um número de visitantes bastante elevado.

Em que medida é que este projecto vem complementar e valorizar a oferta turística do concelho?

Vai valorizar imenso a oferta turística. É indiscutível que a pandemia de Covid-19 nos aproximou do espaço público e da natureza, e hoje é grande a procura por iniciativas e actividades ar livre. Temos tido o feedback que juntar a fauna e flora à cultura, história e património é um enorme motivo de interesse! Além disso, temos também a intenção de fazer chegar os temas da sustentabilidade ambiental e do ciclo urbano da água a cada vez mais pessoas e, ao fazê-lo “fora de portas”, estamos a ir ao encontro das pessoas.

Que agentes económicos ou institucionais farão parte deste projecto para enriquecer a proposta?

Além naturalmente da Câmara Municipal, contamos com a colaboração da Agência Portuguesa do Ambiente e já desafiamos outros parceiros institucionais, como sejam a Simdouro e a Águas de Douro e Paiva, a juntarem-se a nós, de forma a algumas das suas infra-estruturas possam vir a fazer parte de algumas das rotas. Este é um projecto em constante actualização e desenvolvimento, pelo que os agentes económicos e institucionais que se queiram juntar ao projecto são muito bem-vindos. Contamos também com a proximidade das Juntas de Freguesia e outras instituições do concelho, bem como escolas, IPSS, hóteis, entre outros, para conseguirmos abranger um público bastante diversificado, tanto ao nível da população local como turistas que procuram este tipo de iniciativas ligadas ao ambiente e à cultura.

Este ano, a Águas de Gaia anunciou que o concelho conquistou o total de bandeiras azuis. Qual a importância acrescida que esta conquista assume no contexto actual?

É o sentimento de dever cumprido. São 19 zonas balneares que correspondem a 28 praias concessionadas mais a bandeira azul da Douro Marina, a única na região Norte, sendo por isso um total de 20 bandeiras azuis. É para nós muito importante e gratificante atingir esta meta, pois reconhece a qualidade das nossas praias, mas também o trabalho desenvolvido ao longo do ano, de forma multidisciplinar.

Naturalmente que no actual contexto pandémico a segurança é para nós um enorme objectivo. Daí que mantivemos as medidas adoptadas em 2020, como seja dispensadores de álcool gel junto das entradas e dos chuveiros, circuitos assinalados de entrada e saída das praias, as bandeiras de carga e a presença de assistentes de praia que darão todas as informações de segurança e auxiliarão os veraneantes. Tudo faremos para que as praias sejam um local seguro e de lazer sem casos de Covid-19 como aconteceu no ano passado.

Texto de Daniel Almeida

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