Uma espécie de anúncio de trabalho.

Por Hugo Silva Pereira, CEO Sphere Elephant

Analisando o ranking das empresas tecnologias que mais facturam no mundo, percebemos de imediato que Apple, Microsoft, Amazon, Google e Meta estão num patamar distinto das restantes: estão na categoria das centenas de milhares de milhões. Uma discrepância substancial face às restantes empresas tecnológicas.

O que fez com que, especificamente, estas empresas atingissem um patamar tão inverosímil face às restantes empresas no sector tecnológico?

Pessoalmente, acho que a resposta é que – cada uma delas – tornaram-se, em algum momento da história, a interface de eleição com o utilizador durante a sua – respectiva – revolução digital. A Microsoft com o MS DOS, a Apple com o iPhone, a Google e a Meta dominaram os motores de busca e as redes sociais, respectivamente.

Uma segunda lente permite-nos perceber que este caminho se deu também em conjunto, particularmente aquando a intercepção de dois fenómenos: Smartphones e Redes Sociais. É indubitável que, em todos os espectros sociais e profissionais, existe um antes e um depois da colisão perfeita destes dois fenómenos.

Actualmente, assistimos ao borbulhar de uma nova realidade digital. Alguns apostam em blockchain e em criptoactivos, outros em inteligência artificial, alguns em quantum computing. Todos estes conceitos e tecnologias estão numa fase embrionária e todos apresentam potencial para, também eles, a seu tempo, revolucionarem a forma como interagimos.

Dê no que derem, o seu potencial está longe de se presentear. Parece-me assim absurdo, conforme vou lendo e escutando, considerar que estes movimentos, estas oportunidades, corram para o utilizador de forma autónoma, como se a tecnologia não fosse feita para ser combinada e exponenciada, conforme nos mostra a história. Hoje não nos faz sentido pensar em Social Media sem Smartphones, mas houve um momento na história, algures em 2005 e 2006, em que isso não estava ao alcance de qualquer um. Faz sentido então pensar em Blockchain e em Inteligência Artificial sem considerar o que nos podem trazer juntos? Acredito que a próxima década vai-nos mostrar, novamente, que não.

Parece-me, no entanto, que a Inteligência Artificial já encontrou os seus primeiros casos de estudo que a ajudarão a tornar-se apelativa ao comum dos mortais. Ter um programa que nos providencia respostas, imagens e vídeos através de uma simples pergunta, parece-me um paralelismo por demais evidente ao que a Google logrou com o seu motor de busca, durante a era dot.com.

Por outro lado, a quantidade de entraves ao utilizador comum no(s) ecossistema(s) na Blockchain continua a remeter esta tecnologia – que tanto, e de tão revolucionário, tem para nos dar – para o espectro da especulação e do pantanal legal. No que refere a caso de uso, ainda não nos chegou às mãos um ChatGPT da Blockchain.

Não ignoremos, porém, que a tecnologia tem uma curva de aprendizagem rápida, mas substancial até encontrar o seu lugar no nosso dia-a-dia. Veja-se o caso do QR Code, uma tecnologia tão simples, tão democrática na sua utilização, que tardou uma década a atingir o seu potencial. Hoje utilizamos QR Codes para um sem número de tarefas e pode até parecer que já o fazemos há muitos anos, mas não com o nível de maturidade e não de forma tão fluida como o fazemos hoje.

Ora, se uma tecnologia tão democrática tardou a instalar-se, o que dizer de NFT’s e outros criptoactivos? Estou plenamente convencido que iremos conviver com NFT’s (e eventualmente outras espécies de criptoactivos) quotidianamente, mas urge design de experiência neste meio. Se já lidou com algum tipo de tecnologia descentralizada, saberá bem a que me refiro. A falta de processos de onboarding a utilizadores, o jargão complicado, a imensidão de possibilidades, não tenho dúvidas, afasta muitas iniciativas de curiosos, particularmente quando está em cima da mesa um potencial investimento financeiro.

A resposta a esta dramática falta de design de experiência vem, como não podia deixar de ser, do maior ativo que a tecnologia Blockchain está a criar actualmente: as comunidades. Qualquer dúvida que tenhamos pode ser saciada num canal de Discord ou de Telegram, não pelo staff, mas pelas próprias comunidades, que tão bem acolhem novos utilizadores no ecossistema web 3.0. Pessoalmente, acredito que uma parte substancial do que a Blockchain está a trazer de novo a nós, gestores de marcas, é – precisamente – um novo paradigma de comunidade, uma nova forma de encarar a equity de forma descentralizada e – tal – exige uma redefinição, quase completa, da forma como tratamos as nossas marcas e os nossos consumidores, face ao que nos foi presenteado até aqui.

Mas não chega. Para a Web 3.0 vingar, são precisos Designers UX / UI e talento experiente que esteja disposto a reinventar-se e a reinterpretar o ecossistema digital, tal como o conhecemos. Serve este artigo de chamada, uma espécie de anúncio de trabalho, para trazer novos talentos e novas capacidades para o ecossistema Web 3.0. Designers, Marketeers, Engenheiros, CFO’s, Advogados, seja qual for a experiência e o historial, o vosso talento é necessário para construir o futuro do digital. A recompensa é simples: Não se tornarem no MySpace da vossa área.

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