Teletrabalho e despedimentos: retrato do jornalismo em pandemia

A maioria dos jornalistas portugueses (68%) viu o seu dia-a-dia ser dominado pela pandemia de COVID-19. Durante o período de estado de emergência, 39,3% dedicou três quartos do seu trabalho a este tema e 29% não tratou outro assunto que não o novo coronavírus. Apenas 4,4% não se cruzou com o tema.

Os números são apontados num estudo levado a cabo pela Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (CCPJ), que inquiriu 890 profissionais detentores de um títulode jornalista ou equiparado, entre 22 de Maio e 8 de Junho. A análise mostra de que forma o jornalismo foi impactado pela crise sanitária, nomeadamente em termos de local de trabalho.

Segundo a CCPJ, o domicílio substitui as redacções, imperando o teletrabalho para 66,7% dos profissionais inquiridos – televisão e rádio foram os meios que menos recorreram ao trabalho a partir de casa. Destaque ainda para o aumento das deslocações em viatura própria durante o estado de emergência e para a quebra no número de jornalistas a sair em reportagem (33,5% deixou de o fazer).

O mesmo estudo vem ainda confirmar o cenário de precariedade no jornalismo, com apenas cerca de metade dos profissionais inquiridos a ter um contrato permanente de trabalho. Por outro lado, 10% tem um contrato a termo certo e 24% trabalha em regime de prestação de serviços (com ou sem avença). Segundo a CCPJ, este fenómeno não se restringe a jovens jornalistas, uma vez que 60,7% daqueles que têm contrato a termo certo tem 41 ou mais anos.

A situação piorou com a chegada do novo coronavírus, que afectou directamente 11,8% dos inquiridos. Novos desempregados, lay-off e fim da colaboração freelance são as principais causas apontadas. Após a declaração do estado de emergência, 47% dos jornalistas respondeu que tinha um rendimento bruto mensal igual ou inferior a 900 euros.

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