Uma análise recente da DECO PROteste revela os prós e contras dos serviços freemium do Spotify, YouTube Music e SoundCloud, e onde a experiência do utilizador é mais penalizada – ou favorecida – consoante o dispositivo utilizado.
Com catálogos que ultrapassam os 100 milhões de faixas e uma oferta crescente de podcasts, o streaming gratuito continua a ser uma porta de entrada relevante para as marcas se ligarem a audiências jovens e digitais. No entanto, a experiência está longe de ser perfeita. As pausas para publicidade, as limitações de funcionalidades e a ausência de acesso offline criam barreiras que podem, por vezes, frustrar o utilizador… ou conduzi-lo à conversão para a versão paga.
Gratuito sim, mas com (muitas) limitações
A análise feita pela DECO PROteste incidiu nos três principais serviços de streaming com versões gratuitas disponíveis em Portugal – Spotify, YouTube Music e SoundCloud – e avaliou o desempenho em diferentes plataformas: smartphone, computador, automóvel e smart TV.
Entre as principais limitações dos planos grátis estão:
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Publicidade entre faixas ou episódios;
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Impossibilidade de descarregar músicas para ouvir offline;
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Acesso limitado à qualidade de som (sem alta resolução);
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Em alguns casos, reprodução aleatória obrigatória ou ausência de escolha direta das faixas.
Apesar disso, para muitos utilizadores, sobretudo os mais jovens, estas barreiras são toleráveis se comparadas com a conveniência e variedade de conteúdo gratuito. Para as marcas, os planos freemium continuam a ser terreno fértil para ativação publicitária e testes de fidelização, com uma exposição direta a milhões de ouvintes.
Subscrições pagas: quanto custa eliminar a fricção?
Para quem pretende evitar estas limitações, a solução passa pelas subscrições pagas. Eis os preços de referência:
Spotify
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Individual: 7,99€
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Estudante: 4,49€
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Duo: 10,49€
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Família (até 6 contas): 13,99€
YouTube Music
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Individual: 7,99€
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Estudante: 4,49€
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Familiar (até 5 utilizadores): 13,99€
SoundCloud
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Go: 3,49€
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Go+: 7,99€
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DJ (com downloads ilimitados): 13,99€
A DECO PROteste alerta ainda para diferenças de preço consoante o canal de subscrição, nomeadamente se for feito via app em iOS, onde a Apple aplica uma comissão de até 30% sobre as subscrições — o que encarece a fatura final. A recomendação passa por aderir via browser para evitar custos desnecessários.
Apple vs. consumidores: o caso (ainda) não está encerrado
O comportamento da Apple já motivou duas multas da Comissão Europeia — a mais recente em abril de 2025 — por violação do Regulamento dos Mercados Digitais, ao restringir a transparência na comunicação de preços e opções de subscrição dentro do ecossistema iOS. Em resposta, a Euroconsumers, rede de organizações de defesa do consumidor que inclui a DECO PROteste, avançou com uma ação coletiva contra a gigante tecnológica, exigindo o reembolso dos montantes cobrados em excesso.
O desafio para as marcas e plataformas
Num cenário onde o digital está cada vez mais regulado e o consumidor mais informado, o desenho de experiências freemium eficazes torna-se um desafio estratégico para as plataformas e uma oportunidade para as marcas. A chave passa por equilibrar acessibilidade com valor percebido, mantendo o utilizador motivado a subir de nível — ou, no mínimo, a manter-se fidelizado ao ecossistema.
Ouvimos de graça, mas será mesmo sem custo? A resposta está no detalhe da experiência — e na forma como as marcas e plataformas transformam essas micro-interações em valor duradouro.