A indústria do fast fashion é conhecida por democratizar o acesso às últimas tendências, mas também por contribuir significativamente para a crise ambiental.
É neste contexto que surge a Smartex, uma startup com ADN português que está a conquistar o interesse de gigantes como a H&M e a Amazon ao apostar numa solução tecnológica para reduzir o desperdício na indústria da moda. A empresa desenvolveu um sistema de inspeção automatizado que utiliza câmaras, visão computacional e inteligência artificial para detectar defeitos em tecidos durante a produção, evitando o desperdício causado por falhas não identificadas.
Desde a sua fundação, a startup já arrecadou mais de 40 milhões de dólares. Entre os investidores estão nomes de peso como Tony Fadell, criador do iPod, que liderou uma ronda de 24,7 milhões de dólares em 2022, juntamente com a Lightspeed Venture Partners. Nesse mesmo ano, o grupo H&M também investiu na empresa.
Seguiu-se a Amazon que apoiou a startup através do AWS Compute for Climate Fellowship, lançado em 2023, um programa que apoia empresas tecnológicas que atuam em áreas de impacto climático.
A ideia da Smartex nasceu da experiência pessoal do cofundador Gilberto Loureiro, que durante a adolescência trabalhou numa fábrica têxtil no norte de Portugal. Anos mais tarde, com um mestrado em Física, fundou a empresa com o objetivo de transformar o processo de inspeção manual por uma solução automatizada, mais eficiente e com menor impacto ambiental.
Segundo dados da própria Smartex, a tecnologia já evitou o desperdício de mais de um milhão de quilos de tecido nos últimos três anos e permite produzir 0,37% mais peças de roupa por quilo de tecido acabado. Numa escala industrial, essa eficiência representa uma redução significativa de resíduos, como mostra o exemplo da Inditex, que utilizou 678.500 toneladas de matéria-prima em 2024.