Mas será que esta solução é, de facto, segura?
Segundo especialistas em dermatologia, nenhum tipo de bronzeado — seja solar, artificial ou químico — é totalmente isento de riscos. Ainda assim, o spray tan apresenta algumas vantagens… e também algumas preocupações importantes a ter em conta.
Ao contrário do bronzeado tradicional, que resulta da exposição aos raios ultravioleta (UV), o spray tan utiliza um composto chamado dihidroxiacetona (DHA), uma molécula derivada do açúcar que reage com as proteínas da camada superior da pele, escurecendo-a temporariamente. Esta aplicação, feita normalmente por um técnico especializado, não envolve radiação UV nem estimula a produção de melanina, o que elimina o risco direto de cancro de pele associado ao sol.
De acordo com a dermatologista Asmi Berry, “o DHA atua apenas à superfície da pele, criando um bronzeado que desaparece gradualmente à medida que as células da pele se renovam e se exfoliam naturalmente.”
Apesar de ser visto como uma alternativa mais segura, o spray tan não está livre de críticas. O FDA (Food and Drug Administration) dos EUA aprovou o uso de DHA em loções autobronzeadoras, mas não aprovou a sua utilização em cabines de pulverização, como é comum nos salões de estética. A razão? Faltam estudos sobre os efeitos da inalação de DHA, especialmente em pessoas com asma, grávidas ou com pele sensível.
A dermatologista Allison Larson refere que estudos em animais e em culturas celulares levantam preocupações sobre possíveis impactos negativos nos pulmões, se o composto for inalado.
Outro ponto importante é que não se sabe ao certo quanto DHA é absorvido pela pele nem quais os efeitos a longo prazo dessa absorção. E mais: o uso repetido pode provocar irritações cutâneas, reações alérgicas e até ressecamento da pele.
E protege do sol?
Não. Um dos erros mais comuns entre os utilizadores de spray tan é acreditar que o bronzeado químico substitui a proteção solar. “O spray tan não protege contra os raios UV,” alerta a dermatologista. Por isso, o uso de protetor solar continua a ser essencial mesmo após a aplicação.
Aliás, estudos mostram que muitas pessoas que recorrem a autobronzeadores tendem a manter comportamentos de risco, como não procurar sombra ou não usar vestuário de proteção.
Além disso, a exposição solar imediata após aplicação de DHA pode gerar radicais livres prejudiciais, o que, paradoxalmente, pode aumentar o risco de danos celulares e até de cancro de pele.
Como reduzir os riscos?
Os especialistas deixam algumas recomendações para quem optar por este tipo de bronzeado:
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Proteger olhos, nariz, boca e lábios durante a aplicação para evitar inalação e contacto com mucosas;
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Preferir espaços com boa ventilação;
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Hidratar a pele diariamente após o procedimento, para manter a barreira cutânea saudável;
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Evitar a exposição solar direta nas horas seguintes e aplicar sempre protetor solar;
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Fazer um teste de sensibilidade antes da primeira aplicação, especialmente em pessoas com eczema ou pele sensível.
O spray tan é uma alternativa mais segura do que o bronzeado solar ou as camas de UV, sobretudo no que toca à redução do risco de cancro de pele. No entanto, não é isento de riscos, e a sua segurança a longo prazo ainda está sob investigação.
Como resume o dermatologista Kenneth Mark, “a forma em spray ainda não foi suficientemente estudada para ser considerada 100% segura. Por isso, se optar por esta solução, faça-o com precaução.”