Quem ganha no duelo de pizzas: romana ou napolitana?

A promessa era de um duelo com o Dia Mundial da Pizza – assinalado a 10 de Julho – como desculpa, mas um imprevisto transformou o serão numa viagem pela nova carta do Mano a Mano. O restaurante do número 22 da Rua do Alecrim, em Lisboa, renovou o leque de opções que oferece a quem aceita o convite de se sentar à mesa numa das mais recentes apostas do Grupo SushiCafé.

De portas abertas há menos de um ano, o Mano a Mano decide, agora, focar as suas atenções na pizza e não cabem em duas mãos as propostas disponíveis. Seguindo o conceito que inspira o nome do restaurante – e a decoração –, o menu é uma verdadeira batalha entre pizzas romanas e napolitanas. E qual a diferença entre as duas? As primeiras apresentam uma base mais fina e estaladiça; as segundas são para quem gosta de um rebordo alto e fofo. Além disso, as pizzas romanas vão a um forno com temperaturas a rondar os 260 graus, ao passo que as napolitanas não precisam de mais do que um minuto num forno certificado com lenha Valoriani e cuja temperatura ultrapassa os 500 graus.

E, sim, o Mano a Mano tem os dois fornos instalados numa das suas paredes, à vista de todos. A preparação das pizzas, de resto, também acontece a apenas alguns centímetros de distância dos clientes, que podem comprovar a frescura dos ingredientes e a técnica do pizzaiolo Sidney. Logo ao lado, na cozinha, podemos ver a chef Laura Schneider a tomar conta dos restantes pratos da ementa.

Mas deixemos a entrada do espaço e cheguemos à mesa. Aqui, o primeiro passo foi espreitar a carta de bebidas e cocktails, sendo que a escolha recaiu sobre uma cerveja italiana Peroni – mas não faltam também vinhos portugueses e italianos, prontos a serem provados pelo mesmo preço. Para acompanhar, Burrata sobre geleia de pimentos vermelhos, com anchovas em azeite e pão da casa e, ainda, Bruchetta Tartufata com cogumelos porcini, trufas negras, pecorino romano e mel trufado. O arranque da experiência foi suave, sem percalços desagradáveis e com alguns sobressaltos de sabor – culpa da burrata.

Estava na altura de provar as pizzas, as protagonistas da noite. Ainda estava de olho nas entradas quando chegou uma romana XL (tamanho especial para celebrar a data) dividida em dois. Isto porque o plano original de pedir uma Diavola, com molho de tomate, mozzarella fiordilatte, mozzarella de búfala, ventricina e orégãos foi refreado com medo do potencial excesso de picante. A pizza converteu-se, então, numa combinação de Diavola e 4 Stagioni. Na metade dedicada às estações do ano, não faltava molho de tomate, mozzarella fiordilatte, salsicha da casa, cogumelos e espinafres.

Nesta primeira etapa do duelo, a romana marcou pontos e é preciso dizer que os receios quanto à Diavola não se justificaram. Picante no ponto, massa fina de fermentação lenta e vontade de repetir. E não faltaria muito, até porque acabava de chegar a napolitana Don Corleone, simples como queijo aziago e presunto de Parma. Dois ingredientes e está a festa feita no palato.

No terceiro acto – mas não último –, houve mais uma napolitana para provar, o que poderá ter tornado o duelo ligeiramente desigual. A última pizza a chegar à mesa foi uma napolitana DOP Margherita, com molho de tomate San Marzano DOP, mozzarella de búfala e manjericão. Reza a história que esta terá sido a pizza original e acabou mesmo por ser a preferida. Não havia margens para dúvidas, estava encontrada a vencedora da noite.

Por provar ficaram receitas como Cappelli ai Funghi Porcini e Tartufo Nero (massa recheada de cogumelos porcini com creme de grana padano e trufas negras), a Lasagne alla Bolognese ou o Risotto Falso (pasta riso com tomate, grana padano, burrata e manjericão). Mais uma desculpa para voltar, caso as sobremesas não tivessem surtido esse efeito. É que depois de decidido o duelo, a gula falou mais alto e as pizzas deram lugar às propostas mais doces do menu.

O desfile de sobremesas fez-se com Panna Cotta con salsa al Caramello Salato, Cheesecake alla Nutella e Meringata Agli Agrumi (sorbet de tangerina com creme de limão, natas frescas aromatizadas com limoncello e suspiros). Neste caso, não havia competição, mas se houvesse o vencedor teria sido, claramente, a panna cotta com caramelo salgado.

 

Texto de Filipa Almeida

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