Qual o perfil do e-shopper português?

Em 2018, o canal online representou 9,4% do total de compras de bens físicos (na prática, todos os artigos que são entregues por uma transportadora o que deixa de fora bens como e-books e viagens) no mercado português, abaixo da média europeia (11,5%). Os dados são do Barómetro e-shopper do DPD Group, que detém a operadora de entregas expresso Chronopost, e revelam que o comércio electrónico estagnou face a 2017 (apenas um aumento de 0,7% das vendas).

De acordo com o estudo, Portugal está entre os três países, juntamente com Roménia e Itália, com menor penetração de Internet na Europa (onde a média é de 83%), o que pode “penalizar” o desenvolvimento do comércio online. Ainda assim, o estudo revela que mais de metade (56%) dos e-shoppers portugueses são compradores regulares, isto é, fazem pelo menos uma compra por mês.

Além disso, no que toca ao comércio online, os portugueses compram mais fora do seu país do que a maior parte dos restantes consumidores europeus: cerca de 27,6% das compras online (mais 8,5% que a média europeia) realizadas em 2018 foram feitas em websites estrangeiros, um aumento de 1,9 pontos percentuais em relação ao ano anterior. No caso dos Millennials, este número sobe para 30,1%. China, Reino Unido e Espanha são apontados como os principais países de origem dos produtos encomendados, e “encontrar melhores negócios” e “oferta de produtos/marcas não disponíveis localmente” como as principais razões para a escolha de sites estrangeiros.

De acordo com o Barómetro e-shopper, os artigos mais comprados via Internet pelos portugueses são sobretudo das categorias de moda (49%), electrónica (39%) e beleza e saúde (38%), com destaque também para a categoria de frescos e bebidas, que tem vindo a crescer. No ano passado, 15% dos inquiridos afirmou ter encomendado comida pela Internet, sobretudo refeições prontas a comer, prontas a confeccionar ou até mesmo ingredientes congelados. Por outro lado, categorias como artigos para o lar, CD/DVD e brinquedos têm ainda pouca penetração online.

O computador portátil continua a ser o equipamento mais utilizado (72%) para fazer compras online, mas o smartphone tem vindo a ganhar terreno (54%, mais seis pontos percentuais em relação ao último estudo). Além disso, os portugueses preferem comprar em sites que já conhecem: 91% dos inquiridos afirma comprar sempre ou de forma regular nos mesmos endereços. E, antes de finalizar a compra, valoriza factores como a possibilidade de entrega no dia seguinte, de monitorizar o processo em tempo real e, claro, não pagar portes de envio (66% dos inquiridos beneficiou de entregas grátis em 2018). Além disso, 64% refere ser importante conhecer a empresa de transportes que fará a entrega.

Os serviços de digital wallet (como PayPal) destacam-se como o método de pagamento preferido dos e-shoppers nacionais, seguido do Multibanco, mas as apps de pagamento móvel são as que mais tendem a crescer (+9%), sobretudo entre os Millennials. Feito o pagamento, os portugueses preferem receber a encomenda em casa (75% já o fez), mas também têm o hábito de pedir para receber no local de trabalho (25%).

O Barómetro e-shopper foi realizado pela Kantar TNS em 21 países europeus e resulta de entrevistas a consumidores maiores de 18 anos, que fizeram e receberam pelo menos uma encomenda online de bens físicos ao longo de 2018. Em Portugal, foram entrevistados mais de mil consumidores.

Texto de Daniel Almeida

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