Por Sandra Alvarez, directora-geral da PHD
Num mercado laboral cada vez mais imprevisível, colaborativo e orientado por tecnologia, surge uma nova estrela entre os perfis profissionais: o profissional T-Shaped.
O conceito é simples – mas poderoso. O “traço vertical” do T representa a profundidade de conhecimento numa área específica. Já o “traço horizontal” simboliza a capacidade de trabalhar em diferentes disciplinas, com competências como empatia, pensamento crítico, comunicação ou visão estratégica. Num mundo onde a especialização técnica já não é suficiente, os profissionais T-Shaped surgem como o elo perdido entre a profundidade e a adaptabilidade.
Estes profissionais combinam o melhor dos dois mundos: são especialistas, mas também sabem colaborar fora da sua zona de conforto. E é essa característica que os torna tão relevantes, pois em tempos de incerteza (como pós-pandemia, IA, crises geopolíticas), a versatilidade e capacidade de adaptação são o novo “superpoder”.
Num contexto onde a inteligência artificial acelera, os modelos de negócio mudam rapidamente e o trabalho em rede substitui os silos organizacionais, já não basta saber muito sobre um tema. É preciso saber aprender, adaptar e trabalhar em equipa e com outras áreas.
Por isso, os T-Shaped brilham em ambientes híbridos: no cruzamento entre marketing e dados, entre tecnologia e experiência do utilizador, entre criatividade e negócio. São cada vez mais procurados em áreas como gestão de produto, marketing digital, inovação, consultoria ou data science.
Não é por acaso, que empresas como a Google, IDEO, McKinsey, Amazon, Spotify, Outsystems, entre outras, valorizam perfis T-Shaped nas suas equipas: não só resolvem problemas complexos, como ajudam a construir pontes entre diferentes departamentos, linguagens e visões.
O futuro do trabalho não será dos especialistas puros nem dos generalistas puros – será dos que conseguem trazer profundidade e, ao mesmo tempo, colaborar em amplitude.
Num tempo em que as fronteiras entre disciplinas estão a desaparecer, os profissionais T-Shaped não são só desejáveis – são essenciais. Porque não basta saber muito de uma coisa. É preciso saber trabalhar com os outros, interpretar o mundo e reinventar-se constantemente.
Mais do que uma tendência, os T-Shaped representam uma nova mentalidade: a de quem se recusa a ficar preso a um rótulo e escolhe evoluir, aprender e contribuir em várias frentes.
Artigo publicado na revista Marketeer n.º 346 de Maio de 2025
