Opinião de Rui Rijo Ferreira (Jaba Recordati): E agora o pós-pandemia?

Por Rui Rijo Ferreira, Marketing director da Jaba Recordati

A variante Omicron, segundo os virologistas, poderá significar o fim da pandemia. Alguns países já estão a levantar todo o tipo de restrições. Não quer isto dizer que a infecção por Covid-19 desapareça de vez, mas que a mesma passa a ser uma infecção endémica como tantas outras que, sazonalmente, nos atingem e que o mundo poderá voltar à normalidade. Se será exactamente assim, não sei, mas a probabilidade é grande. Por isso, já deveremos estar preparados para a nova normalidade. No mundo das empresas, como noutros, procuramos antecipar a nova realidade. Como se vai comportar o consumidor no futuro? Como deverá evoluir a empresa para sobreviver e crescer nessa nova realidade?

Os mais radicais sugerem que tudo será diferente, que o consumidor alterou radicalmente os seus hábitos de consumo, e a forma de comunicar das empresas será completamente diferente no mundo pós-pandemia. No lado oposto, outros vão continuar a fazer como sempre fizeram, porque acham que ao final do dia tudo será igual ao que era. Por último, os moderados, os que pensam que nem tudo será diferente, mas nem tudo será igual.

Afinal, o mercado mudou assim tanto? Na minha opinião sim, mas não de uma forma radical ou inesperada. Não foi uma revolução, mas uma evolução acelerada pela pandemia. O consumidor alterou hábitos de compra, mas antes já o vinha a fazer. As empresas já olhavam para esta transformação como uma realidade. Algumas num estado mais avançado, mas em geral todas reconheciam esta transformação. Aquando do primeiro confinamento, os negócios que já estavam adaptados ao digital tiveram uma espécie de “Jackpot”, as outras, que reagiram, tiveram rapidamente de acelerar a sua transformação digital para não ficarem a ver “passar os comboios”. O segundo confinamento já veio apanhar todos mais preparados e por isso o seu impacto nos negócios foi muito menor.

Finda a pandemia, uma das suas consequências é que as empresas que sobreviveram estão muito mais bem preparadas para os desafios próximos e mais competitivas. Ao final do dia, não serão desafios radicalmente diferentes dos do passado, mas sim presentes numa envolvente diferente. Por exemplo, o e-Commerce é uma realidade crescente nas mais diversas áreas de negócio. O consumidor, por necessidade, adoptou mais rapidamente do que o normal o hábito da compra online. Sendo isto uma importante oportunidade para as marcas, também é uma ameaça. A compra online é, no caso das marcas globais, muitas vezes transfronteiriça.

Quando analisamos, por exemplo, os meios ao nosso alcance para chegar ao consumidor, é óbvio que a internet e a televisão ganharam um protagonismo enorme relativamente aos restantes, mas, quando pensamos no futuro próximo, será esse o cenário quando se desvanecer o efeito da pandemia? Enfim, como “marketeers”, continuamos a ter de estar atentos à transformação do mercado sem ideias preconcebidas e sem precipitações, mas procurando antecipar as mudanças e agindo rapidamente.

Artigo publicado na revista Marketeer n.º 307 de Fevereiro de 2022

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