Obicà: Tudo aquilo de que precisamos na vida é um bar de mozzarellas e não sabíamos

Não é mais uma pizzaria. Apesar de as pizzas também constarem na carta, não é essa a identidade do Obicà, que abriu portas há apenas algumas semanas em Lisboa, na zona do Príncipe Real. Cerca de um ano e meio depois de se estrear em Portugal, com um espaço no Porto, a cadeia italiana aposta na capital e convida todos a explorar o seu bar de mozzarellas.

Este é o ponto de destaque (ia escrever “forte”, mas todos os pontos são fortes) do restaurante. Vindas directamente de Itália (de resto, como praticamente todos os ingredientes, com excepção dos legumes), as mozzarellas e burratas são as estrelas da experiência, disponíveis em diferentes variedades (já experimentou Burrata Pugliese Affumicata ou Camembert di Bufala DOP?) e com acompanhamentos como focaccia e prosciutto crudo di Parma Galloni DOP com 24 meses de cura.

Sim, no Obicà, estes queijos tipicamente italianos não são apenas entradas ou elementos secundários. Surgem em primeiro plano e podem ser complementados com uma variedade de pequenos pratos. Os clientes podem optar por construir a sua própria experiência a partir do bar de mozzarellas ou seleccionar um dos menus de degustação disponíveis.

Numa visita ao Obicà num dia de muita chuva, deixámo-nos levar pela sugestão de degustação e provámos os queijos sem azeite ou pesto, por exemplo, para sentir o seu verdadeiro sabor – tal como acontece à mesa de uma família italiana. Mais tarde, lá fomos adicionando complementos, ficando comprovado que a charcutaria de Itália também mereceria um bar próprio. E do tártaro de tomate, o que dizer? Já está a anotar todos os pratos que não pode perder?

Seguimos, depois, para os pratos principais – ainda que a experiência inicial fosse suficiente para um almoço mais ligeiro. O Linguine com camarão, curgete, tomates e tomilho é feito de fio a pavio na cozinha do Obicà, incluindo o bisque que garante todo o sabor do prato, e teve de disputar a nossa atenção com o Tagliolini al Funghi Porcini e Salsiccia, com ragú de cogumelos porcini e salsicha. Cogumelos a mais? Não existe.

Logo depois, as pizzas. Com uma receita totalmente renovada, as pizzas do Obicà contam agora com uma massa mais leve que resulta de um processo de fermentação natural de 48 horas. Sobre esta base, surgem ingredientes mais ou menos inusitados como a abóbora (que provámos na Funghi Porcini) e as mais clássicas anchovas (Alici di Cetara).

Por experimentar – porque o apetite já não esticava mais – ficaram propostas como Tagliolini al Tartufo, Branzino Scottato (robalo com cogumelos porcini, espinafres, batatas cozidas, molho de salsa e tomilho), ou Cottoleta Alla Milanese (carne de vitela panada com rúcula, confitado de tomate, lascas de Parmigiano Reggiano com 30 meses de cura).

Seja qual for a receita escolhida, não encontraremos alho ou cebola. Pode parecer estranho a um português renegar ingredientes que nos são tão caros, mas a verdade é que, se não nos dissessem, nem teríamos dado pela sua ausência. O objectivo é preservar o sabor autêntico dos produtos usados, para que brilhem por si só.

A terminar a refeição, e à boa moda portuguesa, fizemos um pijaminha de sobremesas composto por quatro opções: Tiramisù (um dos melhores que já provámos), Torta Caprese (uma espécie de brownie de chocolate em esteroides, como nos explicaram), Semifreddo al Torroncino (um semi-frio um pouco doce demais para o nosso gosto, com parfait de nougat) e Frangipane Alle Mandorle (tarte de amêndoa com mascarpone de baunilha, a piscar o olho à doçaria conventual portuguesa).

Quem quiser tentar recriar alguns destes momentos em casa poderá encontrar uma pequena mercearia no Obicà, onde, além de ingredientes utilizados na cozinha do restaurante, há também um livro com as receitas da carta. Aqui, não há segredos! A diferença está mesmo na qualidade das matérias-primas e no investimento em formação e técnica: todos os chefs (incluindo o chef executivo Rodrigo Varela e o chef de Lisboa Luis Minuzzi) e colaboradores do Obicà receberam formação em Itália antes da abertura do restaurante.

Sobre os planos de expansão da marca – que está presente em mais de 20 cidades, de cinco países –, os investidores portugueses apontam a novas localizações em Lisboa, estando também em cima da mesa um potencial formato alternativo ao tradicional restaurante. Desde que haja bar de mozzarellas, contem connosco.

Texto de Filipa Almeida

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